domingo, 5 de outubro de 2008

DEMOCRACIA NO AMBIENTE VIRTUAL

Texto de Ivan Ferrer Maia

A tecnologia digital é um novo instrumental para ler e reescrever o mundo. Os ambientes virtuais são organizados e projetados para favorecerem a execução de trabalhos ou a construção de conhecimentos, por meio de relações grupais. Eles são as novas plataformas de EAD que enriquecem as atividades de aprendizagem.

Lévy (1993) nos mostrou que o conhecimento pode ser elucidado de três maneiras diferentes: a oral, a escrita e a digital. Sabemos que essas três maneiras coexistem. No entanto, o sistema digital vem avassalando de forma incrível, e traz com ele as outras duas maneiras.

Os sistemas digitais são um recurso poderoso para que os sujeitos coloquem em prática a sua cidadania, para se inserirem enquanto sujeitos democráticos. No entanto, não basta se contentar apenas com a democracia representativa. Seria necessário atuar na democracia direta, em tempo real. Conforme Lévy (2000, p.64), "o ideal da democracia não é a eleição de representantes, mas a maior participação do povo na vida da cidade". É preciso reinventar a democracia. O ciberespaço pode contribuir com isso, enquanto tecnologia molecular, que permite interações microscópicas, diretas. Pode-se com ela reivindicar direitos, opinar sobre decisões, reclamar sobre abusos e injustiças.

GESTÃO DEMOCRÁTICA:

Um ambiente virtual tem que ser desenhado para que a sua gestão seja democrática, já que o princípio maior é trabalhar cooperativamente para alcançar propostas em comum. Os ferramentais devem ser flexíveis para permitir participação livre e troca de fluxos informacionais. A gestão democrática considera, entre outros, os seguintes aspectos:

-distribuição ou descentralização das interações;
-elaboração participativa de conteúdos;
-livre interação entre os participantes;
-concepções pedagógicas que otimize o trabalho em equipe e a autonomia;
-acompanhamento humano, indo além da interação homem-máquina.

No ciberespaço os coletivos se fundem em rede. Mas não estamos falando aqui de uma rede solta, um vasto mundo digital perdido ao devir do destino. Estamos nos referindo a uma rede de aprendizagem, que favoreça os princípios democráticos e contribua para a inserção do sujeito ao mundo.

É por meio dos ambientes virtuais que a desordem no ciberespaço está sendo organizada, pois esses ambientes são plataformas de encontros entre sujeitos de etnias diversas, que almejam discutir, resolver problemas e aprender cooperativamente.

IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Esté é o lançamento da poeta Dany Langer, claro que, minha amiga.

Recomendo, recomendo.

bjs
Má Palas

quinta-feira, 21 de agosto de 2008


É amanhã!

Recebi da baterista, Mariá Portugual, via orkut.
Má Palas


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Muito legalllllllllllllllll

Vale a pena conferir!!

File

Ficha de inscrição: http://www.file.org.br/file2008_sympinsc/cadastro_port.php

Má Palas
O próximo verão e suas tendências

Por Mário Lemes

"Tome cuidado pra não usar tudo de uma vez só, e cair no ridículo. E lembre-se: quem faz o estilo é você!"

Terminaram há alguns dias as duas semanas de moda mais importantes do país: o Fashion Rio e o São Paulo Fashion Week. As grifes nacionais se desdobraram ao máximo para tentar criar, ou tentar prever, as tendências para a próxima temporada de verão. Muitas coleções deixaram um pouco a desejar, e muita coisa que foi chamada de "tendência" causou desânimo. Mas algumas marcas se destacaram bastante e houve peças que foram realmente "must".
Como é de se esperar em qualquer desfile atual, e como eu falei no meu último artigo, são inevitáveis as referências a algum período do passado. A queridinha da vez foi a década de 70, com um pequeno restinho de 60. Mais precisamente, movimento hippie, contracultura e tropicália foram as temáticas retrô que mais marcaram dessa vez.
Nessa onda "riponga", uma característica bem marcante e comum a vários desfiles, foi a presença do tie-dye[1] e o degradê que fizeram muito sucesso na década de 60 com o movimento hippie.
Outra prova dessa referência foram as calças boca-de-sino que apareceram bastante, o que, há um ano atrás, parecia muito improvável. E lembra das skinnies? Sumiram de vez! As pantalonas e outras bocas largas prometeram mais. Outra característica muito vista nas calças foi o cavalo baixo. Pra quem não sabe, cavalo é a parte dos quadris, e quando se diz que a calça tem o cavalo baixo, é porque a parte entre as pernas é prolongada além do normal, muitas vezes chegando aos joelhos. Essas calças também são conhecidas como sarouel[2]. A barra afunilada com comprimento até a canela também marcou presença. Os vestidos apareceram como peça-chave de novo e, dessa vez, em vários modelos: fluídos e esvoaçantes, na altura dos joelhos, tomara-que-caia, longo, micro, com cores vivas, com cores escuras, etc. Os curtinhos e com volume de estações passadas, aparentemente vão continuar reinando.
Os babados, que há algum tempo foram excomungados das passarelas, dessa vez apareceram em peso. E, pelo que parece, será uma forte tendência, e algo no qual investir.
Na estamparia apareceu florais, óbvio. Aliás, não há nada mais clichê que floral no verão, né? Mas pra surpresa (ou não) de todos, o xadrez apareceu bastante de novo, e muitos especialistas em tendências disseram que ele vai continuar no verão. Coisa rara, já que xadrez é a cara do inverno.
Outra coisa óbvia, que apesar de tudo é bem legal, é a moda navy[3], aquela que faz alusão a marinheiros e navios, com listras, com azuis, vermelhos e muito branco. Está presente em várias temporadas de verão já há alguns anos.
Desfiles à parte, na hora de montar o guarda-roupa das próximas estações quentes (e de qualquer outra), tem-se que ter uma coisa em mente: usar SÓ tendências é cafona. E usar qualquer coisa que NÃO COMBINE com você, com seu estilo, ou com seu corpo, é pior ainda.
O que as grifes apresentam nesses desfiles é apenas uma prévia do que vão vender nas lojas na estação seguinte. As características em comum em vários desfiles podem ser classificadas como tendências, apesar de que, em alguns casos, elas não "pegam" de verdade.
Estar antenado na Moda é sempre bom, conhecer as tendências também. Mas vá com calma: escolha bastante o que vai comprar para não se arrepender. E não se esqueça de que existem peças atemporais, que nunca precisam ser deixadas de lado. Por exemplo, as skinnies que quase não foram vistas nos desfiles. Ninguém é obrigado a usar boca-de-sino. Se você tem afinidade com as calças de boca justinha, ou reta, pode continuar usando sem problemas. E não é todo mundo que faz o estilo hippie pra sair usando tie-dye, até porque muitos não o acham elegante. Então, só use se você achar que realmente tem a ver com seu estilo.Dicas para investir? Uma pantalona, algo listrado e algo xadrez que dê pra ser usado no verão, vestidos do jeito que você achar melhor, coisas com cores vivas (azul será a queridinha) e talvez um colete também seja interessante. Dá pra sair garimpando as liquidações de fim de inverno, porque muita coisa prevalecerá. Antes de mais nada, analise o seu gosto, o seu corpo, as ocasiões que você usará cada roupa, etc. Pode investir em tendência, sim! Elas são bem acessíveis e você encontra fácil. É legal estar antenado. Só tome cuidado pra não usar tudo de uma vez só, e cair no ridículo. E lembre-se: quem faz o estilo é você! :)

[1] Tie-dye em inglês significa Tingir e Amarrar. A técnica de tingimento surgida em meio ao movimento hippie do final dos anos 60, que buscavam "materializar" a pscicodelia do LSD em tudo: nas músicas, nas paredes e até nas roupas. Aquela técnica em que você pega uma camiseta branca, amarra algumas partes aleatoriamente com barbante ou elástico e coloca no banho de tintura. [vide foto].
[2] Em outras palavras, a calça sarouel é aquela que aparenta ter um excesso de pano no meio das pernas. [vide foto]
[3] Navy em inglês quer dizer "marinha". A referência ao estilo dos trajes dos marinheiros é marcante nas temporadas de verão há bastante tempo. As listras são a grande marca. [vide foto]

Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

sexta-feira, 11 de julho de 2008



CENTRO CULTURAL SESI VILA LEOPOLDINA
PROMOVE OFICINA DA PALAVRA

Nos dias 14 e 15 de julho, a partir das 14 horas, a artista plástica Isa Bandeira ministrará duas oficinas sobre a construção de imagens.
A entrada é franca e as vagas são limitadas.

Em 14 e 15 de julho (segunda e terça-feira), das 14 às 17 horas, o Centro Cultural SESI Vila Leopoldina promoverá, gratuitamente, duas oficinas de construção de imagens, sob orientação de Isa Bandeira.
A proposta é ter contato com o processo artístico pelo olhar das artes plásticas. E, para isso, as atividades serão divididas em três etapas e os participantes poderão formar grupos. Primeiro, os participantes criarão palavras, sob o estímulo da cor vermelha e de seus significantes, a partir de um número limitado de letras do alfabeto disponíveis. Depois, selecionarão figuras recortadas aleatoriamente de revistas, anúncios e jornais para relacionar aquelas palavras com as imagens e, por fim, transformar as idéias em algo mais concreto e visual por meio da técnica da colagem – individual ou coletivamente. Este processo criativo é importante para o participante entender a dinâmica do trabalho, empregar uma técnica e sentir e fazer uso da sua criatividade; e o resultado é arte. Por fim, os grupos conhecerão uns os trabalhos dos outros e trocarão experiências. Neste momento, a orientadora falará sobre a importância da pesquisa e mencionará cerca de 10 artistas, que integram o acervo da Gibiteca SESI.
Para Isa Bandeira, a interação é papel fundamental na criação de um repertório imagético.


Sobre a professora

Isa Bandeira é arquiteta e urbanista especialista nas áreas de planejamento urbano e ambiental, incluindo a docência de desenho de arquitetura.
Graduada em pintura, pela Escola de Belas Artes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela representou o Brasil, recentemente, como artista plástica na Bienal de Arte Contemporânea, em Moçambique (África) e em exposições no Centro Cultural da Caixa Econômica, nas capitais fluminense e paulista.
Atua, ainda, na produção pedagógica de oficinas de artes para crianças, adolescentes e adultos em centros culturais e ONGs.


Serviço:
Oficina da Palavra
Local: Centro Cultural SESI Vila Leopoldina - Rua Carlos Weber, 835 – Vila Leopoldina
Data e horário: dias 14 e 15 de julho (segunda e terça-feira), das 14 às 17 horas.
Entrada: Franca – inscrições a partir de 1º de julho
Recomendação etária: a partir de 10 anos
Vagas: 20 alunos por dia - limitadas
Informações: 11 3834-5523 / 3832-1066 ramal 1180 / centroculturalsesi@sesisp.org.br

Má Palas

terça-feira, 8 de julho de 2008


É nesse final de semana, vale a pena conferir!
: )


Má Palas

Vale a pena fazer esta seleção.
Má Palas

terça-feira, 1 de julho de 2008

Como vovô já vestia...

Texto de Mário Lemes

“Chegamos num tempo em que tudo parece que já foi criado!”


Aquela idéia de que tudo (só) evolui às vezes é duvidosa. Principalmente no mundo da Moda.
Tudo bem que as sandálias que os egípcios usaram pra proteger os pezinhos no deserto acabaram “virando” Manolos e Louboutins[1] cobiçadíssimos, e que a calças jeans foram se modelando ao longo do tempo de acordo com o perfil de cada época. E tudo bem também que não dá pra se viver de passado, e que sempre é bom buscar coisas inusitadas, tanto na Moda como em qualquer outro tipo de criação.
Mas temos que admitir: chegamos num tempo em que tudo parece que já foi criado, todas as mudanças parecem que já foram feitas, e todas as revoluções parecem que já aconteceram. As mulheres já se vestiram de mulheres, já se vestiram de homens, já se vestiram com bichos. Os homens já foram pra guerra, já voltaram, já usaram maquiagem, já pararam de usar. Os jovens já espetaram o cabelo, já cortaram, já deixaram crescer de novo. Dá a impressão que não existe mais nada pra mudar. Mas o anseio natural do ser humano de criar coisas novas não deixa isso ficar assim. E aí, começamos a reaproveitar e transformar tudo aquilo que já foi criado e surge uma forte (e duradoura) tendência fashion: vestir elementos que remetem ao passado. Em outras palavras, ter um estilo retrô ou, pelo menos, usar algumas peças do vovô de vez enquando.
A tendência da Moda Retrô está cada vez mais presente nas ruas e nos guarda-roupas das pessoas. É só prestar atenção e ver que muita gente voltou a usar suspensórios[2], que muitos óculos parecem que foram trazidos dos anos 80, e que tem muito velhinho fashion por aí. Eu já estou me acostumando a ver um vovozinho na rua e ter uma vontade enorme de perguntar quanto ele quer naquela boina que ele está usando.
Outro dia eu fui na Chilli Beans[3] ver se ainda tinha um certo modelo de óculos, que eu comprei há um tempo, e a moça que trabalhava lá me disse que não, que os modelos retrôs estão acabando muito rápido. Chegam na loja, e evaporam em segundos.Sem falar das várias buscas por brechós na internet, pela multiplicação deles em sites como o Orkut e o Flickr. Os donos de brechós estão percebendo o grande negócio que têm, e que anunciar na internet é uma ótima forma de divulgação. Muita gente compra, mesmo!
As pessoas querem vestir coisas de décadas (e até séculos) passadas, querem inovar o visual com elementos antigos. E, pode soar contraditório mas, isso é uma tendência muito interessante!
E comprar roupa em brechó[4] é mesmo uma ótima idéia. Neles, além de peças vintages pra compor seu look, você acha roupas de grifes por um preço bem mais acessível que o original e, claro, com a mesma qualidade.
É importante esclarecer o significado de termos como vintage e retrô. Ambos são utilizados para designar as mesmas coisas, mas há um pequeno equívoco aí: vintage é aquela peça de brechó, ou aquela peça que você pegou no guarda-roupa da sua avó, que foi produzida em um tempo passado e você usará agora, no seu look contemporâneo. Já retrô é a peça que foi produzida agora, em coleções atuais, mas que tem um design que remete a épocas antigas. As duas coisas são muito legais e, quando você usa qualquer uma delas, tem o mesmo objetivo: misturar o antigo e o contemporâneo pra tentar criar um visual diferente.
Como não dá mais pra ficar esperando coisas novas serem criadas, o legal (e fashion) é mesmo sair reaproveitado as peças, o design e os conceitos dos estilistas do tempo dos nossos avós. A coisa mais difícil de se ver hoje em dia é um desfile de alguma coleção que não tenha influência nenhuma de alguma década passada. Chegamos num ponto em que isso é inevitável. Então, não hesite em vasculhar o baú do seu avô, nem em comprar um wayfarer[5] no próximo verão. Seja retrô, pelo menos um pouquinho. Você pode!


[1] Manolo Blahnik e Christian Louboutin. Dois dos designers de calçados super cobiçados pelas mulheres. O primeiro é tradicionalmente excêntrico. O segundo, é relativamente novo no ramo, mas já faz pequenos sonhos de consumo. O solado vermelho é a grande (e sensualíssima, diga-se de passagem) marca dos sapatos Louboutin.

[2] Acessórios claramente ligados a coisas antigas, pessoas mais velhas, etc, o suspensório reapareceu como elemento fashion em 2004, num desfile da Dior. Mais recentemente, Victoria Beckham apareceu de usando suspensórios na capa da edição americana da revista Elle.
[3] A Chilli Beans é uma rede popular de lojas de óculos escuros. Os modelos são bem interessantes e os preços, acessíveis. Confira mais no site: www.chillibeans.com.br

[4] Uma rápida lista de brechós em São Paulo:Brechó Sem CriseAl. Ministro Rocha Azevedo, Cerqueira CésarTel.: (11) 3088-0527Mancebo Café DesignAlameda Casa Branca, 604, Jardim PaulistaTel.: (11) 3884-8328.Passado PresenteRua Augusta, 2690, loja 16, Galeria Ouro Fino, Jardim PaulistaTel.: (11) 3081-6253Cristal BrechóRua Mourato Coelho, 560, Vila MadalenaTel.: (11) 3032-5200Troço sem TraçaRua Fidalga, 417, Vila MadalenaTel.: (11) 3812-1367BreshopRua Gaivota, 1290, MoemaTel.: (11) 5543-6555Trash ChicRua Professor Carlos de Carvalho, 95, Itaim BibiTel.: (11) 3167-4331Minha Avó TinhaRua Doutor Franco da Rocha, 74, PerdizesTel.: (11) 3865-1759E um link do Orkut, de uma comunidade, pra quem não mora em São Paulo e quer procurar um bom brechó:http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=515381

[5] Wayfarer é um modelo de óculos criado pela Ray-Ban nos anos 50 que se tornou o mais usado de todos os tempos. Ícones da música sempre são vistos usando os tais óculos.



Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

segunda-feira, 16 de junho de 2008



Sou destaque, com a foto acima, nesta semana no blog Uma Imagem por Dia:
http://www.imagempordia.blogspot.com/
Na foto o Boca Club, na Augusta, em uma noite que não me lembro o nome, rs!
Ah, aproveito e espaço para divulgar meu blog pessoal. Estou muito feliz com a aceitação do pessoal e os acessos:
http://teandcookie.wordpress.com/

Má Palas

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Som das Roupas

Texto de Mário Lemes

“Não dava pra ser diferente: Música e Moda precisavam acabar se unindo de alguma forma.”

Moda era Moda e Música era Música. Coisas distintas que andavam bem separadas sem nenhum tipo de “contato físico”. Tudo leva a crer que isso mudou naquele ano de 1954, quando um homem branco começou a ganhar fama por cantar um som típico de negros e dançar como nunca se vira antes. Sim, Elvis marcou o início oficial do que chamamos de Rock’n’Roll, e foi esse “estilo musical” (se é que podemos resumi-lo nesse termo tão pobre) que iniciou a grande influência do que se ouve no que se veste, ou vice-versa talvez.Com o surgimento do Rock, as pessoas passaram a sempre querer quebrar regras, produzir coisas inusitadas e, mais do que nunca, expressar de maneira evidente a personalidade. O Rock é o marco de toda essa influência música-moda que presenciamos. Talvez a razão disso seja o fato de que, a partir de seu surgimento (que já foi por si só uma revolução), várias revoluções começaram a acontecer, ano após ano, década após década. É por isso que hoje é tão difícil responder à pergunta “O que é Rock’n’Roll?”. Foram muitas subdivisões criadas nesse meio século (hippie, punk, grunge etc.) e cada uma querendo evidenciar sua individualidade perante a sociedade. E, nessa busca pelo individual, pela questão de se diferenciar dos demais e pela vontade de mostrar a todos o que pensa, surgiram, junto aos milhares de subgêneros musicais, os estilos de cada um.
É raro algum adepto a um desses movimentos aceitar a palavra Moda [1]. Mas querendo ou não, cada estilo desses criou uma tendência de consumo, uma marca, um marketing.No começo, o Rock era uma fusão de gêneros brancos e negros, Country&Western e Rhythm’n’Blues, e o estilo das pessoas que passaram a curtir o novo som não estava diretamente ligado às origens desses ritmos. A Moda ainda era bastante ditatorial e vemos, na época de Elvis, Bill Haley e Chuck Berry, as conhecidas roupas dos anos 50: apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans. O cinema também lançou moda, aquela do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme Juventude Transviada, que usava blusão de couro e jeans.
No início dos anos 60, as modelagens começaram a ficar mais retas, as roupas mais sóbrias e até os cabelos masculinos foram influenciados pelos Beatles. O Rock vivia um momento de extrema popularidade, e já perdera em partes a associação com a mera rebeldia jovem. E, assim também, a Moda começou a fazer referências às classes operárias e camponesas [2].
No final da década, a rebeldia jovem deixou de ser sem causa: em 1968 os movimentos estudantis contra as normas da sociedade tiveram seu auge. A Contracultura [3] já era Pop, o Rock vivia seu momento mais ácido e alucinógeno [4] e, envoltos por esse clima de psicodelia, os jovens começaram a se vestir com roupas largas, coloridas e despojadas ao extremo. Essa liberdade de pensar, vestir, se drogar etc., passou a ser conhecida como estilo Hippie, o qual até os rapazes de Liverpool acabaram aderindo.
Nos anos 70 a Moda nas ruas se dividia entre os freqüentadores natos de discotecas e os punks. Os primeiros, precursores da boca-de-sino, que estavam sempre ouvindo Dance e até Soul. Foi o auge do black-power [5]. Os segundos, adeptos do movimento anarquista mais “queridinho” de todos os tempos, o Punk. Influenciados pelos Ramones e pelo Sex Pistols [6] andavam de calças bem retas e justas e cabelos exóticos.
No começo dos tão queridos e odiados anos 80, surgiram bandas que não tinham uma definição própria de som, mas sempre se preocupavam em criar algo que se popularizasse com facilidade. Essas bandas tão diferentes entre si, mas que sempre visavam a comercialização do som, foram denominadas “New Wave”. A nova onda trouxe roupas coloridas e descoladas até demais. E até hoje, quando se fala da década de 80, lembramos de polainas, leggings, moletons coloridos, salto plataforma etc. Entendidos dizem que, na prática, os anos 80 só terminaram em 1994. Talvez tenha sido um pouco depois. Talvez, ainda estão para acabar.
A década de 90 trouxe o auge das Raves e do movimento Grunge. Os estilos já estavam dissolvidos, o xadrez ganhava espaço e muitas ideologias e cada camiseta, cada gola, cada sapato, cada cinto, tinha um significado. Se vestir era, mais do que nunca, uma questão de identidade.
E nessa primeira década do século 21, vemos a potencialização de tudo isso. Além de todos os estilos passados que ainda estão (e sempre estarão) “em alta”, surgiu o movimento Emo, que mais do que todos é bastante ridicularizado pelos não-adeptos. As franjas longuíssimas, as pulseiras de bolinha e o quadriculado marcam bem o tal estilo emotivo, embalado por bandinhas como Simple Plan e Panic! At the Disco. Também apareceu a New Rave [7], que começou como um estilo musical improvisado nos shows de Londres e ganhou força na Moda também. Bastante influenciado por peças oitentistas, cores vivas e muito brilho.
Não dava pra ser diferente: Música e Moda precisavam acabar se unindo de alguma forma. Hoje, é impossível fugir de referências musicais no visual. Um cabelo punk, uma blusa New Wave, aquela camisa xadrez que todo Grunge usa. Nossos cabides têm uma relação direta com nossos ouvidos. E, no meio de panos e decibéis, achamos o nosso estilo.

[1] A palavra “Moda”, em essência, se refere à uma tendência de consumo da sociedade. Ou seja, o que “é Moda” é algo querido e aceitável, adjetivos dos quais os Punks queriam distância.
[2] A classe operária e a classe camponesa, nessa época, consistiam em uma grande parcela da população americana. Entre outras coisas, o Jeans é um legado desse tempo.
[3] A contracultura foi um movimento alternativo surgido na década de 60, seguido por jovens que buscavam a quebra dos padrões tradicionais, bem como pregavam pela paz num período de Guerra. A Wikipedia dá uma força: http://pt.wikipedia.org/wiki/Contracultura.
[4] “momento mais ácido e alucinógeno” porque o Rock’n’Roll ganhou uma nova subdivisão, o Acid Rock, que pregava uma cultura de psicodelismo. O LSD ganhava adeptos nessa época, e Jimi Hendrix era praticamente o pai do ritmo. Além de Hendrix, até o Pink Floyd e alguns álbuns dos Beatles ilustram esse período “ácido” da música.
[5] Em inglês quer dizer “Poder Negro”. Os negros mais uma vez ganharam destaque na música, na moda, nas atitudes. O mundo todo admirava o estilo Black Power, que, entre outras coisas, é marcado pela inconfundível cabeleira crespa.
[6] Padrinhos do movimento Punk, o Sex Pistols gostavam de cantar sobre anarquia. Sempre estavam envolvidos em escândalos contra a monarquia da Inglaterra. “E era tudo marketing”, dizem alguns. Imortalizaram a célebre frase “God, save the Queen!”
[7] Os Klaxons foram os precursores do gênero. Veja fotos do estilo New Rave nos links:
http://madeinbrazilmag.com/fashion/labels/pullandbear-1.jpghttp://www.berlinfestival.de/2006/wp-content/press/Klaxons.jpghttp://i7.photobucket.com/albums/y296/imomus/jacketgenerics.jpg


Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Liberdade das palavras

Em uma post anterior, eu tinha escrito sobre a minha dificuldade, visto que achava que sentia, em relação a escrever algo dentro de um parâmetro de conteúdo e assunto anteriormente já pré-estipulado.
Senti isto na pele no mês passado. Tive que cobrir nnnn festas para um site. Além de comparecer e realizar tal de cobertura fotográfica das festas, no dia seguinte tinha que escrever um pequeno release sobre os eventos.
Nada mal, né, para uma aventureira de primeira viagem. Gostei, mas também odeie. Cansativo demais, festa para caramba! Palavras que não se encaixavam com as fotos e, meus próprios sentimentos em relação à energia das festas e dos eventos em si.
Sinto ainda quero continuar com minha coluna de discussões de assuntos diversos e em aberto, podendo sentir assim uma inebriante liberdade!
Jotas Quest e Wilson Sideral concordam que as palavras são como os boêmios, gostam de sair à noite. Não só sair à noite, mas viver toda uma noite. E que venham as noites, a liberdade e muitas palavras!!!

Má Palas

A profusão poética de vozes múltiplas.

CINEMA INSPIRAÇÃO


[ A tela inter e transdisciplinar de Júlio Bressane ]


Texto de Ivan Ferrer Maia

[ texto publicado no site publicado no site http://www.viraweb.com.br de 15/10/2003]



O cinema, enquanto linguagem artística, tem servido a muitos designers como fonte de inspiração criativa, sejam pelas imagens, diálogos, sons, roteiro ou montagem. Por esse motivo, falemos de um cineasta brasileiro, ou melhor, de três filmes deste cineasta: Mandarim, Miramar e São Jerônimo, que servem - e muito - para o delírio criativo. Para quem ainda não assistiu, aconselho ir à locadora. Assistir apenas uma vez a qualquer filme de Bressane, com certeza, não vai ajudar muito na inspiração artística. Os filmes de Bressane são cultos - cinema hermético. Ele mistura literatura, história da arte, música e outras áreas do saber. Por isso, assista-os mais de uma vez. Algumas cenas de Bressane são sublimes, com forte concepção espiritual, típico do cineasta russo Sokúrov e as seqüências de nuvens de Godar. Peixoto questiona: como representar o irrepresentável? Bressane respeita o tempo da imagem, congela cenas e enquadra closes da paisagem natural e urbana, intercala sons e imagens e reconstitui o novo estado da arte. Em alguns momentos o plano ganha perspectiva no molde Neoclássico. Em outros, a câmara se articula em panorâmicas, travellings e conturbados plongées e contra-plongées diagonais e verticais.



No filme Mandarim, contemplamos de forma peculiar um período da história da música brasileira, na cidade do Rio de Janeiro. Entre o niilismo e a paixão pela música, o filme mostra Mário Reis como o pivô da música moderna, no Copacabana Palace, onde é o ícone da aristocracia musical. Estão presentes Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa e Edu Lobo. Mandarim possui imagens com referencial compositivo clássico. A poética visual é mais linear, clara, com pontos de fuga. Há imagens metonímicas de closes da arquitetura Neoclássica do Rio de Janeiro. Em Miramar vemos a jornada intelectual, sentimental e artística de um jovem, a fim de se tornar cineasta. Seria uma autobiografia? A literatura é explicitada fortemente. Ora declamada, ora em forma de poesia visual - o Conto Nono dos Lusíadas de Camões, a Boca do Inferno de Gregório de Matos, os Hai Ku e Hai Kai orientais. Podemos até fazer uma analogia com Verbo Intransitivo de Oswald de Andrade, quando o jovem Miramar escapa dos desejos inusitados de sua professora, sob o fundo musical “mamãe eu tomei bomba”. É um filme cômico e provocativo. O cineasta experimenta a combinação de linguagens distintas. Trechos de filmes, textos clássicos, sons e imagens dissociantes, como a seqüência de dez minutos, falada em inglês, sem legenda. Hélio Oiticica dialogando com Haroldo de Campos comentou que: “em Matou a família e foi ao cinema, quando as pessoas estão falando e não sai voz, o silêncio tem a mesma importância que a coisa falada. Isso tem uma relação com aquela coisa de o John Cage usar o silêncio como algo elementar, que nada tem de cinema mudo”.



Diante das cenas / poesias visuais de Miramar, somos atraídos a transcrever um verso da Balada da Moça do Miramar do poeta Vinícius, onde explora seu metro favorito: a redondilha maior (verso de sete sílabas métricas):



“De noite é a lua quem ama



A moça do Miramar



Enquanto o mar tece a trama



Desse conúbio lunar



Depois é o sol violento



O sol batido de vento



Que vem com furor violeta



A moça violentar”.



A redondilha maior de Vinícius se cruza entre o vai e vem das imagens de Bressane. Imagens em reverso de ondas espumantes do mar e sons de ventos contemplam uma poética visual que nos confunde ludicamente, retomando os olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados de Machado de Assis. Pode o passado retomar a forma do novo? No cinema de Bressane, a história transcende o tempo, ganha linguagem contemporânea e recupera a memória. Bressane destrói e reconstrói a memória em São Jerônimo, um filme conturbado, teatral, visceral, antítese da polpa, estética do osso, que em alguns momentos recordamos Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. Diz Bressane do filme São Jerônimo: “aí já estamos no filme. Um filme que misture intolerância de Griffith, o deserto de John Ford, Greed de Stroheim e o Evangelho Segundo Mateus, de Pasolini”. A fotografia de José Tadeu é virtuosa. O cenário é de pedra, em tons de amarelo, paisagem rústica, quente. Em outros momentos, terra gândara e áspera. Um ambiente genuinamente nordestino, remetido ao tempo romano. Jerônimo caminha pelo deserto atormentado pela dúvida: seguir o pensamento pagão de Cícero ou do Cristianismo. Escolheu o segundo, levando-o ao punctum, ao quiasma entre a defesa da castidade e os seus desejos. Bressane embaça, confunde, distorce e difusa os ideais maniqueístas. Intercala cenas, lembrando o interseccionismo utilizado por Fernando Pessoa. Vemos tal intersecção em vários filmes de Bressane, como em Matou a família e foi ao cinema, no qual as mulheres se amam enquanto seus maridos militares praticam a tortura. O filme é uma janela da época, o momento em que o cineasta e o Brasil viviam. O filme São Jerônimo, além de ser uma aula de estética, é um tratado de semântica. Bressane retoma a importância de Jerônimo para o Cristianismo no ocidente, quando traduziu a Bíblia do Hebraico e do Grego para o Latim, defendendo que toda tradução é uma nova criação. Jerônimo elaborou mais de 380 neologismos e modernizou a língua latina. Nas palavras de Bentes: "o cineasta constrói uma analogia entre o trabalho pioneiro, experimental e monumental de São Jerônimo como tradutor da Bíblia Latina, a vulgata e a experiência do monge no deserto, seu inferno e paraíso, não-lugar, página em branco que produz cegueira e visão4".Em Bressane, o diálogo cede espaço ao discurso e o torna polido, lustroso e polirrítmico. Everaldo Pontes e Hamilton Vaz Pereira dividem o discurso com o silêncio sublime e o som ecoante dos ventos.O épico é transversal em São Jerônimo, da encasquilhada Roma Antiga para Caravaggio, que é citado constantemente durante o filme. Bressane capta o espírito das pinturas do artista barroco e as transforma em imagem cinematográfica. Caravaggio transforma suas pinturas em um constante conflito entre mundano e o sublime. Ele contrapõe o valor moral da prática com o valor intelectual da teoria. As pinturas de Caravaggio são encrespadas de viscosidades, rugosas e um tratamento de luz que seria denominado por tenebrismo. Suas pinturas de São Jerônimo mostram um monge compenetrado na sua tradução, emergido na razão, sem fazer suscitação ao sagrado.









CARAVAGGIO, Michelangelo Merisi da.San Jerónimo escribiendo, 1906, 112 x 157 cm.Roma, Galleria Borghese.

O filme recorre a outros períodos da História da Arte. O enquadramento da grande pedra remete a um vazio metafísico de De Chirico e o simbolismo de Dali. São Jerônimo é repleto de cenas surrealistas, que também abrem oportunidades para interpretações psicanalíticas. As grutas e as pedras ganham forma feminina. Ao mesmo tempo em que Jerônimo defende a castidade, ele se rasteja como um réptil entre as pedras e se paralisa na abertura das grutas. Havia tortuosas pedras no caminho de Jerônimo. O cinema de Bressane é inspirador! Inspira a ponto de fazermos expirar novas criações. Quem tem dificuldade em traduzir uma linguagem artística para uma outra assista Bressane, pois verá música se transformar em imagem, fotografia tornar som, pintura se movimentar, teatro virar pintura. Delírio cult! Inspira ação ao designer!


IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Modo alternativo de trabalho (Sem Internet)

Texto de Má Palas

São 16:28, quinta-feira, ensolarada na megalópole paulistana. Nesta ambiente outrora tão comunicativo, intenso corrido e cheio de “pepinos” tecnológicos, sinto saudade das discussões e negociações. O único som que interrompe o ambiente é o do vento que entra pela janela.
O dia amanheceu com greve geral da tecnologia dentro de uma empresa de tecnologia. Confuso? Estranho? Contraditório? Acho que é tudo isto e mais um pouco... Estamos abandonados, estagnados e com mãos atadas na avenida da vida sem internet.
É óbvio que tenho a presença do telefone que sempre toca. E aí? Você não está trabalhando hoje? Por que você não está online no MSN? E lá vai............ A MINHA PESSOA contar a terrível história que os equipamentos tecnológicos resolveram dormir mais do que o necessário, ou, nem sabem que há um novo dia para se ganhar dinheiro.
O êxtase de todo este acontecimento, e que eu mais gosto de contar e ver, é que estou dentro do desenvolvimento de uma nova metodologia para desvendar o grande mistério da pane geral!! Aí Aí Aí... Trocam-se equipamentos, testam-se cabos, mudam-se de máquinas e, atéeeeeeee de ambientes. Alguém grita : um outro novo técnico! Liga para um, liga para outro, chega uma nova pessoa. Opa, nosso salvador! Só que o problema ainda continua: inexistência do sinal dentro dos nossos micros. Como pode, né? Dependência total da Internet. Odeio a Internet! (não quero ficar fora do mundo virtual..snif, snif!)
Eu resolvo deixar o pessoal lá na discussão se deve ser disso ou aquilo. Falta-me paciência, quero que a informática, o roteador, internet, o novo técnico e qualquer coisa que me faça pensar e sentir o gosto da comunicação virtual se juntam em uma coisa só e vão para “puta que pariu”.
Minha saída é arrumar uma alternativa para realizar o trabalho (sem Internet mesmo). Descubro o quão é amigável (e trash) o telefone, o fax e o nextel. Descubro também que me falta um pouco de sensibilidade com as pessoas, e comigo mesma, por ser só mais um humano que não está no mundo internético teclando deliciosamente com meus clientes. Retrocesso total de vida, af!

Má Palas
A orquestração poética de vozes múltiplas.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Diretas já... Já?


Texto de Mário Lemes


"Entre cortes de cabelo e roupas, vemos uma população que se entrega a qualquer modismo que aparece, de repente, numa tela."

Muito se fala sobre a "democratização da moda"[1]. E é comum vermos opiniões como "não podemos criticar o jeito dos brasileiros se vestirem, quando as grandes grifes nacionais só produzem roupas com preços nada acessíveis". Argumentos assim partem do princípio de que só existe roupa elegante e de boa qualidade com as marcas mais caras. E também deixa implícito que o povo brasileiro quer se vestir melhor, mas não tem condições. Talvez ambas as afirmações mereçam ser analisadas com cautela.
Em primeiro lugar, devemos lembrar de que existe muita coisa boa por aí, que não tem uma marca famosa na etiqueta. Claro, é mais fácil achar um jeans com um caimento perfeito da Ellus do que em meio ao Brás. Mas, quando o assunto é roupa, saber garimpar é um dom muito precioso. Saber (e ter tempo de) andar por aí, procurar em sites da internet, folhear todo tipo de catálogo em busca do melhor para se vestir é de extrema importância. "Compre menos, escolha mais" disse a estilista, rainha do Punk, Vivienne Westwood [2].
É possível, sim, vestir-se bem gastando pouco. É claro que ter dinheiro ajuda, mas com um pouco de paciência, esforço e bom gosto, uma pessoa de classe social inferior pode, sim, ser bem mais estilosa que qualquer nome da alta sociedade.
Outra questão a ser levantada é o fato de que o brasileiro é um povo sem identidade no quesito vestuário. Não me refiro aqui à moda das marcas brasileiras, não, elas recebem cada vez mais destaque no mercado e estão de parabéns. Também não me refiro àqueles que realmente entendem de Moda e/ou têm um estilo próprio muito bem elaborado, que se vê pelas ruas do país. Quando foi dito "povo brasileiro" estava me referindo à grande massa, à enorme parcela da população que gosta de usar qualquer peça que vê na mídia sem nenhuma preocupação com acabamento, qualidade, estética, etc.
Lembram dos shortinhos do " É o Tchan" [3]? E das pulseirinhas da Jade[4]? Pois bem, entre cortes de cabelo que podem deformar um rosto e roupas "despretensiosas", vemos uma população que se entrega a qualquer modismo que aparece, de repente, numa tela. Sem falar da preocupação da maioria dos brasileiros, principalmente, de mostrar ao máximo o corpo. As popozudas do funk, os "saradões" da praia, etc, não querem saber de se vestir com elegância e talvez nem com estilo: querem, simplesmente, mostrar músculos e curvas.
Diante de questões como estas, não tem como não julgar o assunto "Democratização da Moda" algo, no mínimo, complexo demais para se posicionar com argumentos óbvios. É como dizer, sem possibilidade de contestação, que se é contra o aborto, contra a eutanásia, a favor da pena de morte, etc. Este é um assunto que tem dois (ou até mais) lados que devem ser cuidadosamente ponderados.
Será que o brasileiro quer e se preocupa em vestir-se melhor? Se sim, será que é tão difícil fazê-lo? Dizer que basta as grifes baixarem os preços e fashionistas abrirem espaço para a grande massa é um tanto (e bota tanto nisso) hipócrita.
Será que boas roupas e a acessibilidade a elas, superariam o fetiche nacional de vestir tudo que aparece na TV? Talvez... Mas creio que levaria alguns milênios!

[1] Nesse blog há um post falando sobre o assunto: prataporter.blig.ig.com.br

[2] viviennewestwood.co.uk

[3]Sucesso nos anos 90, o "É o Tchan" foi um grupo de Axé com músicas de forte e implícito apelo sexual, também conhecido por suas dançarinas com roupas sensuais demais.

[4]Jade foi uma personagem da novela "O Clone" de Glória Perez. A novela retratava, entre outras coisas, o mundo árabe e a personagem ganhou identidade com as pulseiras que se conectavam em um anel e virou febre.

Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

sexta-feira, 18 de abril de 2008

AMBIENTES VIRTUAIS COOPERATIVOS


[ texto publicado no site publicado no site http://www.viraweb.com.br de 1/11/2004]

Texto de Ivan Ferrer Maia


Apresento um panorama geral de conceitos relacionados ao Ambiente Virtual Cooperativo, que é um instrumento capaz de apoiar os processos de aprendizagem e trabalhos em grupo. A comunidade profissional, interessada nos Ambientes Virtuais, introduziu em 1984, no seminário organizado por Paul Cashman e Irene Greif, o conceito de Trabalho Cooperativo Suportado por Computador (Computer Supported Cooperative Work – CSCW). Aqui no Brasil, Borges (et al, 1995) define CSCW como um ambiente computacional que implementa os processos de apoio à cooperação, e assim, permite o trabalho, a produção em conjunto e a troca de informações. Conforme Barros (1994), o perfil promissor do CSCW leva-o também a ser utilizado como apoio à aprendizagem cooperativa. Por não ter sido construído com esse propósito, o CSCW sofre adaptações, agregando em sua estrutura novas ferramentas para auxiliar na tutoria e na aprendizagem, originando o Sistema de Aprendizado Cooperativo Apoiado por Computador (Computer Supported Cooperative Learning - CSCL).Para Benford (1997, s/n), o termo Ambiente Virtual Cooperativo é um "ponto de encontro no Ciberespaço", uma plataforma ou um suporte que permite interações para auxiliar tanto a aprendizagem quanto a produção cooperativa. Benford (1993, s/n) apresenta duas condições para que um sistema seja considerado Ambiente Virtual Cooperativo: a existência de acesso simultâneo a um sistema de Realidade Virtual e o suporte explícito das necessidades dos utilizadores que pretendam trabalhar em conjunto. Um aspecto importante nesse tipo de sistema é a existência de um espaço virtual que Trefftz (1996) define como um mundo não material, o qual possibilita relacionar à distância com múltiplos usuários, através de computadores ligados em rede. O mesmo autor afirma que a interação pode consistir desde a troca de idéias por escrito, até ao uso de espaços 3D com possibilidades de movimento e troca de voz. Numa definição mais ampla, também são incluídos sistemas do tipo MUD (Multi-User Dungeons) e IRC (Internet Relay Chat). Esses tipos de sistemas e as suas implicações sociais são discutidos em Rheingold (1993).No entanto, tais definições têm em comum a necessidade de cada usuário estar consciente dos outros usuários. De fato, Benford (1997) afirma que a essência do Ambiente Virtual Cooperativo é a representação explícita do usuário dentro do espaço partilhado.Para Rodden (1997), um Ambiente Virtual Cooperativo pode ser definido como um espaço partilhado existente dentro de um computador, habitado por usuários, que tem a sua representação no espaço e que se encontra já implementado por um conjunto de tecnologias (MUDs e MOOs para 2D e ambientes de Realidade Virtual distribuídos para 3D).Benford (1997) aponta três razões principais para o desenvolvimento de Ambiente Virtual Cooperativo. Primeiro, o suporte das naturais competências espaciais de um conduto de usuários oferece um modo mais natural para interação humana. Segundo, a escala inerente para lidar com a interação entre um grande número de usuários. Terceiro, adequação para tarefas espaciais que exijam cooperação, como mostrar as aplicações de Realidade Virtual existentes, autorizando o suporte a ser estendido para permitir cooperação. Agostini e Michelis (1997) ressaltam o caráter interdisciplinar do Ambiente Virtual Cooperativo e propõem requisitos gerais que esses sistemas devem possuir: serem sistemas abertos, possuírem continuidade multimídia, contextualização e integração da comunidade e da ação, além de interfaces personalizadas e seletivas para os espaços de trabalho.Também Wexelblat (1993) defende dois princípios para o Ambiente Virtual Cooperativo. A cooperação não pode ser tratada como uma atividade separada, o que significa que o suporte dado pelo computador deve enquadrar-se no padrão de trabalho do usuário. O segundo princípio indica que as aplicações devem possibilitar a cooperação entre pessoas pela ultrapassagem de obstáculos do tempo e do espaço. Uma das vantagens dos ambientes computacionais cooperativos, segundo Lévy (2000), é a disposição constante em trabalhar para toda a comunidade. Para ele os groupwares possibilitam que o debate seja dirigido para a construção progressiva de uma rede de argumentação e documentação, que está sempre presente aos olhos da comunidade, podendo ser manipulada a qualquer momento. Esses ambientes computacionais contêm recursos que favorecem a sua utilização como um sistema de Educação a Distância. Há diversos ambientes de EAD desenvolvidos em todo o mundo. Dentre eles, podemos destacar o WebCT (Goldberg et al, 1997), o AulaNetTM (Aulanet, 2000), o Lótus Learning Space (Lótus, 1998) e o TelEduc (TelEduc, 1996). Atualmente, diversos setores da sociedade - empresas, instituições de ensino, órgãos públicos - utilizam os ambientes virtuais presencialmente ou a distância, como plataforma para desenvolver trabalhos ou a aprendizagem cooperativa.

IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Vídeos selecionados na 1ª Mostra Campanhense de Vídeo

Todo ano acontece em Campanha, Minas Gerais, uma feira de livros realizada pela ONG Sebo Cultural que está localizada nesta cidade.
Neste evento sempre há algumas atividades culturais no decorrer do dia. Este ano a novidade se reside em um Mostra de Vídeo, confira abaixo maiores informações do evento.



A ONG Sebo Cultural divulga o resultado da seleção de vídeos inscritos na 1ª Mostra Campanhense de Vídeo, que tem como objetivo exibir e discutir vídeos, produzidos por campanhenses – nascidos ou moradores de Campanha/MG. A 1ª Mostra é parte integrante da 8ª Feira do Livro, que acontecerá nos dias 12 a 15 de junho de 2008.



1 - Título: "Brigadinho" - 13 minutos - documentário - entrevistado: Maurício Freitas Ferreira da Luz - Direção e Edição: Isa Veiga e Renato Moterani - Roteiro: Isa Veiga e Artes: Renato Moterani.





Maurício, natural de Campanha/MG, se destaca na comunidade através do seu estilo rústico e simplório. Uma pessoa carismática, humilde e solitária, mas com muita alegria de viver. Reside em uma pequena casa onde tem apenas a companhia de sua cadela e de animais da natureza.



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2- Título: "Prazer! Meu nome é Sérgio". A vida de um catador de material reciclável - 30 minutos - documentário - entrevistados: Sérgio Guariza, 47; Cleonice Maria Batista Guariza, 29; Alice Guariza, 4 e Lucas Guariza, 2. - Direção: Isa e Renato Moterani da Silva - Roteiro e artegráfica: Luís Henrique Alves Pinto - Coordenadora: Professora Caloline Marchesine.






"Prazer! Meu nome é Sérgio" é um documentário sobre vida, pessoas, ecologia... Para romper o anonimato, as lentes captam além das aparências. Elas procuram mostrar as lutas, amores e sonhos de Sérgio, Cleonice, Alice e Lucas, uma família de catadores de material reciclável. A preservação ambiental tornou-se nas últimas décadas tema recorrente das mais variadas instâncias, das salas das universidades e gabinetes políticos aos meios de comunicação e conversas do cotidiano. Contudo, é na existência concreta de pessoas como Sérgio e sua família, que acontece uma das mais eficazes práticas de defesa dos recursos naturais do planeta Terra. Seus esforços são concentrados e organizados em organismos como a ASCOL - CAMP (Associação de Coletores de Materiais Recicláveis de Campanha-MG). Atual e envolvente o filme é um mergulho na realidade... Imperdível.




Texto e Post - Má Palas e ONG Sebo Cultural.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

JANGADA DA MEDUSA


[ texto publicado no site publicado no sitehttp://www.viraweb.com.br de 15/03/2003 ]


Texto de Ivan Ferrer Maia

Algo de muito estranho colocou as pulsões (oréxis que move a alma) cognitivas e sensitivas dos seres humanos em crise. Não sabemos especificamente o que é. Sabemos que um novo dilúvio foi anunciado (Pellanda e Pellanda, 2000). A tempestade de informações está congelando os indivíduos a beira mar.O mundo está com uma velocidade incansável, fragmentado, granulado e as informações se justapõem, quando não se sobrepõem. O que fazer diante das novas tecnologias e do oceano de informações que corriqueiramente nos atropelam? A âncora foi recolhida e estamos em pleno dilúvio de informações. É preciso saber navegar. Há uma jangada tecnológica onde novas relações se constroem - um espaço virtual com forte potencial para a construção do coletivo. Esse espaço possibilita trocas de experiências e informações entre os usuários, além de compartilharem dúvidas e reflexões que geram novos conhecimentos.Porém, há aqueles que evitam o diálogo e a tecnologia. Os neofóbicos, os ermitões, os céticos, os pessimistas recusam embarcar nessa odisséia. Poseidon agita o mar e eles ficam apreensivos em ser naufragados. Temem ser os protagonistas de A Jangada da Medusa (1819) de Géricault. Querem se isolar e se sentem apegados à terra, mas já a perdemos (Husserl). Diante da foto noturna do planeta Terra tirada pela NASA, eles refutam o discurso da exclusão digital e propõe uma leitura da cartografia do sossego.No entanto, esquecem que é por meio da interação que o homem está construindo sua cultura. A necessidade de se comunicar gerou o desenvolvimento da oralidade e da escrita. Na situação atual, a tecnologia veio suprir o problema da distância geográfica, do tempo síncrono e assíncrono, da velocidade e da transferência de informações. Os ermitões não querem se aventurar como fez Ulisses na viagem a Ítaca. Eles receiam dialogar com o outro. Freud já nos avisava, o outro é como um reflexo do nosso espectro. Ver o outro é nos ver. O Ego Ideal pode desmanchar-se. É agonizante. Por isso, a recusa do outro.No entanto, vemos no outro oportunidades para evoluir. Nas relações há trocas simbólicas e formação de novos significados, conseqüentemente aumenta a autoconscientização. Apesar de alguns infortúnios, o ser humano está mais autoconsciente do que nunca. Entramos na Era Consciencial. O muro já não está tão alto. Assistimos o declínio das fronteiras. A telescopia agora é interativa.O ser humano é dialético e para construir novos saberes requer uma postura de diálogo constante com o mundo. A distância se encurta, o tempo se desfaz: como posso sedimentar o meu universo me afastando do outro? A formação do ser humano se realiza pela interação entre a sua estrutura interna com o mundo externo (constituído de signos, de pessoas, de um complexo social e ecológico). É por meio do diálogo que se rompe com o egocentrismo (infantil) e com o egoísmo (adulto), criando-se um ambiente de liberdade e cooperação. Para Paulo Freire, o diálogo é "o encontro de homens que pronunciam o mundo" (Freire apud Matui, 1998, 74).Dessa forma, as interfaces dos ambientes virtuais devem ser desenhadas visando o encontro / troca de idéias e conhecimento entre os usuários, a partir de ferramentas como chat, portfólio, fórum de discussão e outras.Essas ferramentas são oportunidades para interação e permitem que a estrutura interna do indivíduo se estabeleça em um processo de equilíbrio (assimilação e acomodação piagetiana), desenvolvendo maior condição de suportar e construir novos saberes. Nas palavras de Piaget, "uma equilibração é necessária para conciliar os aportes da maturação, da experiência dos objetos e da experiência social" (Piaget apud Montangero, 1998, 161). Em termos de ecologia cognitiva (Lévy, 2000), as inter-relações (sujeito-sujeito, sujeito-mundo) se realizam em um espaço-tempo de aprendizagem e estabelece a figura do sujeito-social do conhecimento. Na ecologia cognitiva o espaço sócio-cultural é estruturado por apropriação participatória, ação interguiada e aprendizagem cooperativa, além de formar uma área de desenvolvimento proximal (Vygotsky). O ambiente virtual que sustentar o processo de equilíbrio do indivíduo poderá ser considerado um espaço de realizações significativas de ações conjuntas, um espaço centrado na evolução humana, capaz de suportar o novo dilúvio de maneira transformadora.

IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Da boca à barra


Texto de Mário Lemes


"Em um mundo fashion feliz, o cós alto e o baixo, a skinny e a pantalona, podem conviver em harmonia."

Se você der uma rápida olhada em fóruns sobre Moda pela internet, vai ver que um dos assuntos mais "queridinhos" dos últimos meses é a volta da calça de cós alto. Uns dizem que são "a favor", outros que "de jeito nenhum" e alguns um pouco mais imparciais dizem que "depende".
A mesma coisa acontece quando alguém menciona que as queridíssimas skinnies [1] estão com os dias contados e darão lugar à pantalona. Muitos se desesperam e se descabelam. E não é diferente quando surge algum comentário sobre uma possível decaída das maxibags[2].
Algum pseudo-rebelde deve ter dito a essas pessoas que Moda e Política são a mesma coisa. Pois bem, não são! Ninguém tem que ser a favor ou contra nada, o que existe é o gosto, a preferência. Não é para existir o "Partido dos Anti-Cós-Lá-Em-Cima" e nem a "Associação de Defesa da Skinny". As tendências existem, sim, e mudam constantemente, mas ninguém vai obrigar ninguém a usar o que não quer. É um consenso entre os fashionistas que o cós alto, quando bem usado (em pessoas magras e de preferência altas), realça muito a elegância. Na Europa, a onda já pegou e já está até indo embora. Pra sempre? De forma alguma. Quem ousou experimentar a cintura alta e achou que caiu bem, pode e deve continuar usando. Com as skinnies também: elas apareceram há uns dois anos, se popularizaram ano passado e realmente merecem um grande destaque no guarda-roupa de muita gente. Quem tem o tipo de perna adequado e achou que ficou bem com os tais jeans grudados, que continue usando! A pantalona[3] vai reaparecer com força em questão de dias, mas as skinnies têm tudo pra continuarem em alta, só não vão ser mais novidades, aliás, já não são.
Sabia que os membros do Ramones[4] nunca largaram a modelagem justa e reta mesmo quando o mundo todo aderiu à boca-de-sino? Então, quem ama a calça skinny, siga o exemplo deles! E sobre as pantalonas, use se quiser! Talvez ter uma ou duas no armário não seja má idéia.
Quanto às maxibags, nem seria preciso dizer nada, não é? Uma peça extremamente prática e ao mesmo tempo elegante, que não deveria ser esquecida nunca. Quem sabe explorar novas cores, fugir das metálicas enjoativas, buscar novos materiais, menos flexíveis, para dar à mega bolsa um aspecto diferente seja uma boa saída. Mas quanto ao tamanho, nem precisa pensar em mudar (a não ser que queira). Vão aparecer as bolsas médias, as do tipo carteiras, etc, mas em nome da elegância e praticidade, é aconselhável nunca deixar a querida maxibag esquecida no fundo do baú.
Alguém pode associar suas novas calças de cós alto a cafonice, etc. Podem confundir pantalona e boca-de-sino e achar que você está vestido de John Travolta em "Os Embalos de Sábado a Noite"[5]. Se você se importa com isso ou se tais peças não combinam com o seu corpo, é só não usar. Cada pessoa tem uma concepção estética própria, é essa concepção que rotula o que as pessoas vestem; e é a partir da mesma que devemos nos vestir como achamos melhor. Nada se torna brega assim tão rápido, e nem nada se torna unanimidade absoluta. Ainda bem! Sempre vão existir as opções, justamente para não sair todo mundo usando a mesma coisa.
Em um mundo fashion feliz, o cós alto e o baixo, a skinny e a pantalona, podem conviver em harmonia.


[1] Skinny em inglês quer dizer magro, fino, justo. As calças que levam esse nome são aquelas com a modelagem justa desde a parte dos quadris até a barra. Podem ser 100% algodão ou podem levar um pouco de elastano na composição.

[2] Maxibag's ou maxibolsas são aquelas bolsas muito maiores do que as antigamente convencionais. Existem aquelas com aspecto de sacola e outras feitas de material menos flexível com aspecto rígido.

[3] Pantalonas são as calças com modelagem que começa justa na cintura e vai alargando até a barra. Algumas pessoas confundem com boca-de-sino, o que é um grande equívoco. Esta é justa até o joelho, e se alarga a partir dele até a barra e aquela é larga desde os quadris.

[4] "The Ramones" foi uma banda de Punk Rock surgida na década de 70 que tem influência na música até hoje. Tinham um estilo bem característico.

5] Originalmente chamado de "Saturday Night Fever" é um filme americano de 1977 estrelado por John Travolta, que é lembrado até hoje por mostrar a febre das discotecas da época.


Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

terça-feira, 25 de março de 2008

Momento do Nada

Texto de Má Palas


Recentemente venho escrevendo setes vezes mais do que normalmente produzuo, não que eu ache ruim - ao contrário - sei que tenho uma inquietação naturalística de ter que transcorrer palavras e pensamentos para o papel a fim de sossegar o encéfalo.
Só que isto também está me proporcionando resultando, em uns dias, de total ausência de reflexões contrabalanceando com uma infinita ânsia de quer escrever mais e mais...
Começo a questionar qual é o papel real do escritor no mundo? Será que se eu me declarasse como escritora e, por acaso, alguém pagasse por um artigo de minha autoria, como reagiria se tivesse em uma dessas crises auto denominada: Momento do Nada? Aonde que filósofos, músicos, escritores e artistas se encontram, ou não, para difundir sua arte? E mais quem atreve a entender isto tudo; esta declarada loucura de querer que outrem entenda, ou não, suas divagações cerebrais e carnais porque simplesmente juntou um monte de letras, palavras e o está conduzindo em uma forma estrutural de pensamento?
Sabe-se que tudo tem um comportamento primordial, aquela raiz inconsciente da humanidade (nos dirigindo um pouco para o campo da psicologia ao citar umas das teorias freudianas) com uma dose bastante experimental daquilo que implica na fase de deixar fluir o que está sendo carregado dentro de um Ser. Aqui eu posso até dar exemplo do que é um dos métodos mais recorrente dos filósofos para conscientizar um possível postulado.
Vemos também muitos artistas e principalmente musicistas, arranjadores e interpretes assim como atores com o seguinte relato:
- Ah, eu senti a essência da música! Veio em minha mente um sentimento e eu criei isto que estou a ofertar ao público.
Ou ainda, temos a seguinte opção:
- Ah, depois que minha mãe morreu fiquei um ano sem compor e só agora consegui voltar a minha rotina de trabalho.
Pois bem... Vejo que todos somos humanos com suas crises existências e de identidades, mas será que alguém poderia me auxiliar como que alguém que quer muito escrever mas o fluído das idéias não lhe auxiliam? Não quero encontrar um estilo porque meu estilo é não ter estilo, gosto de transitar em vários mundos e viés com a escrita; prosas românticas, poesias e digressões filosóficas. Fico a questionar: será que quero mesmo escrever, ou, meu Ser está a brincar de "torna-te uma mentirosa escritora"? Será que ler alguma biografia ajuda? Alguém indica? Faço de tudo para ter minhas idéias de volta! Ahhhhhhhhhhhh.....
Tento percorrer esta falta de conhecimento do universo e até de autoconhecimento examinando esta alegoria sem me impregnar muito dela, visto que uma vez encontrado a solução desta charada sempre haverá outro charada oriunda da anterior e, com maior falta de informação e dificuldade, para ser solucionada.
A informação é poder, só que se ela não tiver alguma interação real difundida através da comunicação entre os humanos, ela perderá todo seu poder e status.
Talvez aí seja a estrutura da comunicação e do desenvolvimento do homem no mundo, podendo até citar que isto se difunde em forma de fala. Enquanto isto, carrego comigo o desconhecido sentimento real de estar sem idéias para um possível texto sem ter um fator dominante, sentindo como se fosse o bum do começo do universo citado pela nossa vão filosofia tradicional.

Má Palas
A orquestração poética de vozes múltiplas.
Serventia da Arte

Texto de Mário Lemes

Procurou uma serventia
a Arte, desde quando apareceu
Contar história a quem via
ou só agradar você e eu.

Terra, fogo, céu e mar
Na imagem quizeram imortalizar
uma alma tão mortal
que deu à Arte a ilusão de funcional.

Alguns usavam figuras
quando palavras carecia.
Com o tecido e as nervuras,
a idéia e o pincel,
a Arte achou que servia
pra falar de "Papai do Céu".

Natureza é sempre morta
imitá-la já foi regra
Viva, a arte não se conforta
com a idéia que se prega

Cada indivíduo, assim precisava
se afirmar perante todo mundo,
então a Arte achou que estava
servindo pra levar ao fundo.

Passava muito tempo todo dia,
queriam usar a Arte pra dar choque
mas ela viu que não tinha essa energia,
produzida em série, foi pro estoque.

Muito maior que um prego
abriram um buraco na parede
Outrem tinha inflado o ego
e rabiscava no teto com sede.

Mudavam tudo querendo tornar
o mais vulgar, pitoresco
Não importavam em avaliar
se era óleo ou afresco.

E perdida a Arte ficou
buscando frenética uma utilidade
Talvez alguma conclusão tirou
nada sem muita futilidade

Buscar serventia,
querer ser amada,
faz parte.
Mas a pobre era Arte, coitada,
e a Arte não serve pra nada.


Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

domingo, 23 de março de 2008

Olá!

Quero informar uma novidade: O blog resolveu ampliar suas fronteiras através de uma percepção do envolvimento de Gente Sem Noção com exacerbada Noção sobre Arte, Fotografia, Cinema e Cultura na confecção de suas publicações.
Para tanto, criamos uma conta no fickr para que possamos apreciar ainda mais o lado profissional desta Gente. É claro que podemos postar fotos e comentários no nosso blog, mas criar uma conta em um fotolog, algo voltado exclusivamente para a arte fotográfica e sua divulgação, facilitará nosso acesso aos meandros pouco explorado pelo nosso blog.
Espero que nossa nova empreitada dê realmente bons furtos e resultado. E é claro, aguardo sua foto com comentários e escritos para o post.

Segue o link:
http://www.flickr.com/photos/gentesemnocao/


Equipe Gente Sem Noção.


Roupinha de Pelúcia

Texto de Mário Lemes

Uma verdadeira odisséia. Guerra declarada. Para variar, moralistas de um lado e "gente-que-não-tá-nem-aí" do outro. Tudo começou (mais evidentemente) em Hollywood, por volta da década de 30, os fotógrafos descobriram que as estrelas vestidas com casacos de pele brancos tinham seus rostos perfeitamente emoldurados e ganhavam um ar de opulência.
Nas décadas seguintes a peça já era objeto desejo máximo das consumidoras. Aos poucos, foi perdendo a simpatia, não por uma questão política, mas pelo desgaste mesmo. A partir do final dos anos 60 com o movimento hippie, a contra-cultura, etc... Há alguns anos, surgiram vários protestos contra o uso das tais peles. Alegaram crueldade, disseram que era agressão à natureza, entre outras coisas.
O consumo realmente caiu.
Há alguns anos, porém, estilistas como John Galliano tem se mostrado grandes fanáticos pelas peles. Tudo isso aumenta a polêmica, os protestos, e nos coloca numa situação, no mínimo, delicada.
O uso de peles existe há tanto tempo quanto a própria humanidade e é uma grande hipocrisia dizê-lo mais cruel do que o consumo de carne ou o uso do couro. Podem alegar que "a carne é alimento, nós precisamos e blá blá blá". Não adianta, existem vários vegetarianos por aí que sobrevivem sem carne e não reclamam. Comemos carne porque gostamos do sabor, da textura, do cheiro. Poderíamos optar por só comer alface, mas queremos carne! Por quê? Porque somos seres racionais que não só lutam para sobreviver, mas também que querem ter prazeres durante a vida. A grande diferença de ser humano é essa: a opção de escolha na busca pelo mais prazeroso. Então, quem gosta de usar casaco de peles e não um moletom qualquer está, na verdade, buscando um status, um prazer e talvez até um conforto que outro tipo de roupa não tenha.
Ativistas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) adoram pegar no pé dos fashionistas, das modelos e principalmente dos editores de moda que apóiam o uso de peles. Quem não se lembra do desfile da grife Victoria's Secret que foi invadido por moralistas segurando cartazes com frases agressivas? E do rato que colocaram no prato de Anna Wintour, editora-chefa da Vogue América e fã declarada das peles? Wintour cobriu o rato com um guardanapo e pediu a conta.
A atitude da editora da revista de moda mais vendida do mundo simboliza bem o que devemos pensar sobre tudo isso: não deixar que protestos fanáticos e moralistas façam a nossa cabeça, declarando o uso de peles como algo cruel e ponto. Ignorem esse tipo de coisa: ativistas do PETA, choros da Luíza Mel, não dá!
Da mesma forma, deve-se também não deixar influenciar por pessoas entendidas e revistas de grande circulação (como a Vogue), que incentivam o uso das peles, e se dizer a favor pelo simples fato de ir contra o moralismo.
O uso de peles não deveria acabar, nem crescer. Deveria ser esquecido. Sim! Esquecido. Vegetarianos doentes e pseudo-protetores da natureza deveriam deixar de lado os estilistas que gostam de peles, e influentes da moda deveriam parar de incentivar o pensamento pró-pele acima de tudo. Quem quiser usar, usa, quem não quiser, não usa.
Os protestos do PETA já causaram tumultos demais e pra quê? Alguém deixou de usar peles por isso? Já jogaram tinta-spray em casacos da Anna Wintour. Ela parou de usar peles? Parou de incentivar o uso delas? Não! Foi correndo comprar mais duas dúzias de visons novinhos. A única coisa que a polêmica, o moralismo e fanatismo natureba conseguem é chamar mais atenção para esse assunto, e fazer ganhar espaço os estilistas adeptos. Quando se há polêmica, há a provocação. Sempre! Então, se continuarem protestando (em vão), continuarão fazendo aparecer estilistas como Jean Paul Gaultier, que adora uma polêmica, e, na última Semana de Moda de Paris, usou e abusou das peles.
O status de um casaco de peles deveria ser deixado de lado também. Na verdade, é uma valorização retrógrada (lembre-se: coisa do início do século passado) e um tanto sem fundamento. Os argumentos moralistas, as pessoas que usam para provocar, as que usam para reivindicar, têm mesmo é que parar com tudo isso.
É preciso que essa gente perceba que é uma discussão inútil e inacabável, que só dá ênfase e agrava o problema.
E com tantos conceitos e ideologias que envolvem, por exemplo, um simples casaco de vision ou raposa, acabam se esquecendo do que deveria ser considerada a base da moda: a parte estética, visual.
Assim como comer carne é uma escolha que vai além da simples necessidade de alimentação, usar casacos de pele vai além de simplesmente se proteger do frio (mesmo essa sendo a intenção primária), envolve uma opção visual, uma questão de gosto e de estilo.
Você acha casacos de pele bonitos? Interessantes? Sente-se bem com eles? Use-os. Seja feliz. Acha uma crueldade? Fique longe. Acha horrível, mas odeia os ativistas do PETA e tem vontade de usar só como provocação? Pelo bem da Moda, não use. Dê um basta! Pense em outra coisa, mande uma cabeça de bode para Mary McCartney ou exponha ursinhos de pelúcia mutilados em alguma galeria famosa. Hmmm... Não. Melhor não fazer nada mesmo.
Esqueça um pouco a parte ideológica do assunto.
Pelo bem da Moda, sempre, pelo bem da Moda...

Mário LemesÉ articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

sexta-feira, 14 de março de 2008

WEBDESIGNER NA BERLINDA: ENTRE O PASTICHE E A SIGNIFICAÇÃO


[ texto publicado no site publicado no sitehttp://www.viraweb.com.br de 15/12/2002 ]


A priori, podemos dizer que o meio de comunicação que mais cresce em quantidade é a web. Há sites de diversos assuntos e designs, variados tipos de navegabilidade e usabilidade, conteúdos mais exóticos, sites para nos informar, arrancar nosso dinheiro, nos entreter e de utilidade pública. Diante dessa variedade, questionamos como anda a qualidade do design nos sites atuais? Podemos dizer que no ciberespaço há mais pastiche do que sites criativos e originais. Muitas vezes, coloca-se gifs animados na intenção de estar requintando o site, elaborando um design inovador. Em outros momentos, insere-se fundos com texturas de pedra, madeira, água, entre vários temas oferecidos por algum software. Ainda vemos banners animados, com esferas douradas, imagens de clichês sobrepostas em ritmo acelerado, acompanhadas de musicalidade. É, estamos falando de sites de mau gosto. O que não falta nesse meio de informação são designs com pastiches e clichês. E - o pior - nada acrescentam ao ser humano e nem valorizam o produto do site.A tonelada de webdesigners que surge no mercado se confunde com webmasters em suas atividades. É conhecido por todos que este último é o responsável pela programação, enquanto o primeiro pelo design. Manipular alguns softwares gráficos e fazer piscar algum símbolo não o coloca na categoria de designer de sites. É necessário muito mais do que tecnicismo. Há concepções estruturais e construtivas que devem ser consideradas no planejamento e execução de um site. Aí que aparece o divisor de águas, entre designers qualificados e aqueles multiplicadores de pastiches. Quando falamos de design não nos referimos somente à cor ou à forma gráfica, mas aos elementos significantes, a contextualização, a descontextualização, a estrutura no sentido Piagetiano (entre as partes e o todo), o modo de construção do site. Ter somente o domínio tecnológico sem ter uma capacidade reflexiva dos conceitos envolvidos é como ter uma Ferrari sem saber usar o seu potencial.Podemos desconfiar de alguns cursos sobre webdesign cujo enfoque é somente a tecnologia, ignorando os indivíduos, que são os usuários dos sites. Aí é que entra a importância da interdisciplinaridade de áreas como a filosofia, a sociologia, a antropologia, a psicologia, a semiótica e outras nesse universo digital. Ter o conhecimento interdisciplinar é importante para o designer trabalhe com linguagens adequadas ao universo humanístico. Ele terá condições reais de construir elementos gráficos que interiorizem significados transformadores a seu público, construindo muito mais do que bolotas douradas giradoras: verdadeiros significados.



IVAN FERRER MAIA Mestre em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Professor titular da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital

sexta-feira, 7 de março de 2008

Será que não é rede social demais?????

Texto de Má Palas

Li uma pequena notícia no site da Revista Info feita por Sandra Carvalho em 14/02/2008 que lista algumas redes sociais: Orkut, Myspace, Facebook, Spock, OneConnect, Linkedin, Plaxo....
Alguns destes espaços eu nunca tinha ouvido falar. Com certeza estes espaços virtuais conquistaram o mundo inteira como também já faliram bastante agências de relacionamentos. O que me faz pensar é: existe alguém que consegue administrar tanta conta e senha em vários sites? E ainda, a mesma pessoa sabe mexer com tudo isto?? Outra questionamento mais dúbio, por acaso, este mesmo Ser trabalha, tem rotina, estuda, namorar?
Eu sinceramente tenho conta no Orkut, Myspace e Facebook - que por mim deletava as duas últimas, mas por respeito a pessoas queridas e que moram fora do país, tento as deixar em atividade acessando quando recebo um e-mail falando que alguém solicitou uma amizade ou me deixou um recado.
Só que se minha vida fosse só isto estaria excelente! Ainda tem: fotolog, conta no Last FM, que este site é muito gostoso e bom para achar cantores, bandas, clipes - pelo menos destes espaços virtuais é o que achei de maior utilidade em minha vida - e músicas, mais o Youtube...Ah, e ainda tem os MSN da vida (dois - um do trabalho e outro particular), um Skype e um Google Talk.
Puxa, só de listar tudo isto dá um trabalhão, imagina administrar?
Vamos dizer que se eu entro dois minutos no Orkut para responder 3 recados, 2 minutos no Facebook e assim vai....Não é tempo demais perdido? Não quero entrar no questionamento sobre a falta de tempo, ou como o administrar melhor o mesmo quando se está acessando a Internet, para realizar as nossas atividades diárias em uma megalópole.
Meu questionamento se engloba totalmente em analisar as atividades das comunicações e relações culturais das pessoas, me restringindo a questionamentos pessoais e particulares. E aí vai minha maior pergunta: Como fica as relações afetivas, as amizades e a interação entre as pessoas?
Eu confesso abertamente que amo meu Orkut pelo simples fato de poder me conectar com amigos e marcar eventos e atividades para o final de semana. Mas é só! Também confesso que alguns de meus relacionamentos começaram por lá e não foram ruins (o começo, o relacionamento e a entrada da pessoa na minha vida).
Mas não troco o encontro com meus amigos no sábado a tarde na pracinha Benedito Calixto ou encontro casual com pessoas master queridas de para ficar "orkuteado" ou dialogando pelo MSN.
Há casos que eu acho tenebroso de pessoas que simplesmente aboliram sua vida para viver uma outra vida virtual no Second Life.
Puxa, para mim é uma magia ir em um espetáculo de dança e sair de lá com um energia incrível pela interação dos corpos dos dançarinos, música e coreografia! Fico realmente em êxatase.
Novamente, confesso que tem muita coisa legal que podemos ver no Youtube e na Internet, mas nada é comparável com o êxtase de vivenciar cultura, arte e as relações com as pessoas e com o mundo a nossa volta. Nascemos para viver, para degustar as possibilidades de explorar e desvendar caminhos desconhecidos e isto só é possível, felizmente, nos fazendo presente no mundo para deixar marquinha nossa registrada e aí, no futuro olhar para trás e dizer: Valeu a pena viver!

Má Palas
A orquestração poética de vozes múltiplas.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

SEMINÁRIO DE “METODOLOGIA DE PESQUISA EM MÚSICA”

Instituto de Artes - 13 e 14 /08/00

Texto de Suzel Ana Reily *
* todos os link´s e referências bibliográficas deste texto estão no final do mesmo.

Introdução

Como minha área é a etnomusicologia, é desta perspectiva que eu abordo o tema deste painel. A etnomusicologia se propõe a estudar a música no seu contexto social e cultural e, como todas as expressões musicais têm um contexto social e cultural, abordagens etnomusicológicas podem ser adotadas para o estudo de qualquer estilo musical. Vale dizer, contudo, que até a pouco, a etnomusicologia era dominada por análises de tradições clássicas não ocidentais e de tradições orais entre groups não-letrados. Hoje, porém, os estudos de estilos populares veiculados pelos meios de comunicação de massa vêm se tornando cada vez mais comuns na disciplina e, com isto, está havendo uma convergência entre a etnomusicologia e o campo de estudos da música popular. Parece-me que esta convergência deriva da própria orientação antropofágica que opera nas duas áreas, embora suas trajetórias tenham sido bastante distintas. A etnomusicologia é, freqüentemente, representada como a disciplina que faz a mediação entre a musicologia e a antropologia, enquanto a área de estudos da música popular se desenvolveu de modo mais eclético, estando hoje ligada aos chamados 'estudos culturais' ou 'cultural studies'. Voltando-se principalmente para a indústria cultural da sociedade ocidental moderna, os 'estudos culturais' procuram fazer mediações entre política, sociologia, semiótica e comunicações. Com a convergência da etnomusicologia com os estudos culturais, o arcenal teórico para o estudo da música popular tem se tornado bastante rico. Esta é, portanto, uma fase particularmente promissora para o estudo da música popular e a sofisticação teórica que está sendo desenvolvida nesta área já está se fazendo presente em outras áreas de pesquisa músical.
Embora exista hoje um grande diálogo na área de estudos voltados para a música popular, quando eu estava fazendo meu doutorado na USP na década de 80 a situação era bem diferente. Além de não existir a vasta bibliografia que temos hoje, o acesso a livros no Brasil era bastante limitado. Hoje, com a internet, ficou muito mais fácil se manter atualisado: muitos trabalhos de ponta estão 'on-line' e tornou-se fácil comprar os últimos lançamentos internacionais em livrarias virtuais. Apesar da falta de acesso aos benefícios recentes da globalização, as turmas pré-internet tinha muita criatividade e intuição – elementos estes que continuam sendo fundamentais para qualquer pesquisa bem sucedida.

Pesquisando a música sertaneja

O tema central da minha tese de doutorado – as folias de reis de São Bernardo do Campo – não tem, a primeira vista, muito a ver com 'música popular', se por música popular entendemos produtos da indústria cultural de massa. Porém, nos intervalos entre a cantoria de reis, os foliões cantavam música sertaneja, um gênero que é veiculado pela indústria cultural. Para entender melhor o mundo das folias de reis, percebi, logo no início do trabalho, que eu teria que me voltar para a investigação da música sertaneja.
A bibliografia sobre música sertaneja na época era bastante reduzida. Havia um trabalho de José de Souza Martins (1975), o livro, Acorde na aurora, de Waldenyr Caldas (1979) e alguns textos de José Ramos Tinhorão (1976, 1986). Hoje a bibliografia acadêmica sobre o tema já é mais extensa. Tem, por exemplo, o trabalho de Martha de Ulhôa Carvalho (1993)[1] e o minucioso levantamento histórico de Rosa Nepomuceno (1999). Outros trabalhos estão em andamento, como a tese de doutorado de Alex Dent, que será apresentada logo mais na Universidade de Chicago.
Também é importante notar que, nos anos 80, a música sertaneja não tinha a visibilidade que ela veio a ter na década seguinte, quando houve o grande boom sertanejo, liderado por Liu e Léu. Eu fui criada em São Bernardo numa família de classe média e, nesse ambiente, tive pouquíssimo acesso a música sertaneja, até porque os meios de comunicação dominantes se voltavam principalmente para o gosto das classes privilegiadas. Evidentemente, eu conhecia algumas melodias e fragmentos de músicas, como 'Tristeza do Jeca', 'Chico Mineiro', 'Menino da Porteira', e outros clássicos desse repertório. Mas até por uma questão de princípio, a juventude das classes privilegiadas evitava qualquer contato com a música sertaneja por ser considerada 'brega'.
Vale notar, porém, que, apesar da grande presença da MPB nos meios de comunicação de massa dominantes, os foliões tinham pouco interesse nela. Assim como eu disconhecia a música sertaneja, eles evitavam a MPB, considerando-a música de gente rica. Um jovem folião até me disse abertamente: "Eu não gosto daquelas músicas [de MPB], não. Quem gosta daquilo é filhinho de papai que nunca teve que trabalhar". Parecia, portanto, que as barreiras de classe estavam também delineados no gosto musical. Tratava-se, portanto, de investigar como o gosto musical se forma e como ele se relaciona à identidade de classe no Brasil.[2]
Com estes objetivos, dei início ao trabalho. Primeiramente eu precisava me familiarizar com o repertório da música sertaneja. Eu já havia percebido que havia uma série de músicas que praticamente todos of foliões conhecia, então eu comprei alguns discos que tinham estas músicas e comecei a transcrever as letras e a aprender a cantá-las. Na medida em que o meu repertório crescia, aumentavam também as minhas oportunidades de participar das cantorias dos foliões. Também comecei a intrevistar os foliões sobre o seu conhecimento da música sertaneja. Minha primeira intrevista formal sobre o assunto foi com um folião chamado Zezo. Durante a sua juventude, Zezo tinha feito parte de uma dupla sertaneja em Arceburgo (MG), sua cidade natal, e pensei que, por isto, ele teria um bom conhecimento do gênero. De fato, seu conhecimento era vasto, tão vasto que minhas intrevistas com ele se tornaram a base do projeto.
No decorrer das nossas conversas, Zezo me contou como ele entendia o desenvolvimento histórico da música sertaneja. Na sua juventude, as duplas eram "meio caipiras", na medida em que usavam uma linguagem regional e os temas das suas músicas freqüentemente abordavam questões da vida rural. O acompanhamento deste estilo limitava-se, muitas vezes, apenas a uma viola e um violão. Para Zezo, as duplas que representam este período incluíam Torres e Florêncio e Tonico e Tinoco. Grandes clássicos deste período, como 'Pingo d'Água', 'Chico Mineiro', 'Menino da Porteira' e 'Chalana', continuavam a ser cantados pelos foliões e demais fãs da música sertaneja.
Quando Zezo se mudou para São Bernardo em 1964, ele percebeu mudanças no gênero que lhe dava características mais modernas. No seu entender, foram justamente estas mudanças que transformaram a 'música caipira' em 'música sertaneja'. De acordo com Zezo, o elemento mais visível desta modernização está no uso de um português 'correto' e mais 'sofisticado'.[3] Ele também ressaltou mudanças nos temas das músicas, que a partir de então passaram a se voltar para a experiência da migração. Praticamente todas as duplas tinham pelo menos uma música dedicada à sua cidade de origem, a qual era representada com nostalgia. A figura do boiadeiro, tão presente na 'música caipira', começou a desaparecer e uma nova figura, a do caminhoneiro, tornou-se mais visível. Passou-se também a dar mais atenção aos arranjos das músicas e a instrumentação tornou-se mais sofisticada.
Tomando sua própria família como exemplo, Zezo disse que, a partir dos anos 60, a música sertaneja começou a tomar dois rumos distintos, com um repertório voltado para a população migrante e outro para a juventude composta por filhos de migrantes que nasceram na cidade. Enquanto seus filhos gostavam de duplas como Chitãozinho e Xororó, cujas músicas lidam com temas românticos, ele preferia duplas como Tião Carrero e Pardinho e Pena Branca e Xavantinho, cujas letras utilizam um português correto, mas mantêm um estilo tradicional. Estas duas vertentes também se distinguiam em termos de estilo vocal: os 'moderninhos' cantavam com uma voz mais fina enquanto os tradicionais utilizavam voz grossa, ou, como disse Zezo, "voz de homem mesmo".
A representação da música sertaneja feita por Zezo, portanto, dividia o gênero em três fases principais: uma fase caipira, uma fase migrante e uma fase moderna. Cada fase se dirigia a um público alvo específico, utilizava uma temática ligada ao público alvo e se caracterizava por determinados elementos musicias, como instrumentação própria e um determinado estilo vocal.[4]
Durante a pesquisa, Zezo me mostrou sua coleção de discos, que continha uns 25 a 30 LPs. Havia algumas trilhas sonoras de novela, mas a grande maioria dos seus LPs era de música sertaneja. Para cada disco que ele me mostrava, ele tinha uma estória para contar. Este exercício foi particularmente instrutivo, porque revelou aquilo que Zezo considerava relevante dizer sobre seus discos. Para quase todas as duplas representadas ali ele podia dizer a cidade natal dos músicos, indicando que sua identificação com os cantores estava baseada na sua origem rural. Em praticamente todos os casos ele fez questão de falar alguma coisa sobre a relação dos cantores um com o outro, enfatizando, em particular, o parentesco da dupla. A importância da relação dos cantores de uma dupla pode ser notada na maneira com que muitas delas se nomeiam: Tonico e Tinoco, Liu e Léo, Pena Branca e Xavantinho, nomes estes que sugerem irmandade.
Outra questão que me champou atenção foi a preocupação de Zezo em me contar sobre como cada disco havia chegado à sua casa. Alguns dos discos pertenciam a um dos seus filhos; outros eram presentes que ele havia recebido de algum parente. Alguns discos perteciam a amigos que estavam ali de empréstimo e ele também inventariou os discos dele que estavam emprestados a amigos e vizinhos. Discos, portanto, são objectos que circulam entre amigos. Assim, embora uma pessoa possa ter uma coleção pequena, seu acesso a discos se torna bem mais amplo através deste sistema de empréstimo.
Outras questões foram surgindo na medida em que Zezo escolhia as músicas que ele queria que eu ouvisse. Grosso modo, suas escolhas eram feitas a partir do conteúdo da letra das músicas. Muitas músicas no repertório sertanejo se estruturam em torno de uma estória e quase sempre a estória tem uma moral. Uma das primeiras músicas que ele botou para mim ouvir foi 'Couro de Boi', que enfatisa a responsabilidade dos filhos para com seus pais idosos, um tema presente também em outras músicas do repertório, como 'Filho Adotivo'. Assim como muitas duplas são compostas de parentes, temas voltados para obrigações familiares são muito comuns, principalmente no repertório clássico do gênero. Em outras músicas estas relações aparecem como o modelo para as demais relações sociais, como em 'Menino da Porteira' ou 'Chico Mineiro'. Enfim, o etos da música sertaneja ouvida e cantada pelos foliões é coerente com a visão de mundo do catolicismo popular, que enfatisa a reciprocidade e obrigações sociais como a base moral para a conviência social.
Pode-se dizer também que a maneira como Zezo formulou o desenvolvimeto histórico do gênero está relacionada às aspirações da população migrante de São Bernado: antigamente a música era rústica (caipira), mas depois foi se tornando mais moderna, ou urbana, reproduzindo a visão que muitos migrantes têm de suas próprias trajetórias. No entanto, as músicas do repertório sertanejo que eram selecionadas pelos foliões para suas cantorias eram justamente aquelas que mantinham os valores morais da zona rural. Este repertório, portanto, apresentava-se como uma expressão da maneira como os foliões viam-se a si mesmos: por um lado, com a sua vinda para a cidade, eles haviam adquirido acesso à modernidade, mas por outro, não haviam se deixado contaminar pela impessoalidade da cidade grande.

Conclusões

Como eu disse antes, engagei-me nesta pesquisa de forma intuitiva. Hoje, contudo, percebo que eu estava trabalhando dentro de uma linha até bastante comum aos estudos da música popular, na medida em que se tratava de um estudo do público ouvinte da música sertaneja.[5] Esta é uma perspectiva que faz muito sentido para o estudo da música popular, justamente porque é o público ouvinte que compra os discos, que vai aos shows, enfim, que faz a popularidade do músico. No entanto, para fazer este levantamento, utlizei metodologias de trabalho de campo tipicamente antropológicas, que envolveram tanto a observação-participante quanto entrevistas qualitativas. As metodologias da antropologia foram desenvolvidas justamente para permitir a investigação da visão de mundo do 'outro'. Como eu estava procurando meios de explicar o gosto pela música sertaneja entre os foliões, as metodologias antropológicas se provaram bastantes úteis para a tarefa. Talvez a grande vantagem desta metodologia justamente num período em que as opções teóricas na área de estudos da música popular ainda eram limitadas é que ela sussitou muitas das questões que vêm sendo sistematizadas na área dos anos 80 para cá.
Voltando, então, aos meus diálogos com Zezo, vê-se que estas conversas levantaram várias trajetórias de pesquisa possíveis. Aliás, muitos dos temas que ele mesmo levantou têm se tornado focos de investigação dentro dos estudos da música popular, tanto que hoje vejo Zezo como um sociólogo/antropólogo nato. Ele não só traçou o desenvolvimento da música sertaneja, mas também relacionou este desenvolvimento à sua própria trajetória de vida. Desta maneira ele apontou para a relação que existe entre o gosto por certos estilos musicias e a construção da identidade. Hoje a relação entre música e identidade já se transformou numa perspectiva pilar dentro da etnomusicologia, pilar este que foi sistematizado com a publicação da coletânea organizada por Martin Stokes (1994). Este discurso também exemplifica como o próprio processo da construção histórica de um gênero musical se relaciona à construção da identidade, reproduzindo um dos argumentos básicos de John Tosh (1984). Ao comentar sua coleção de discos, a fala de Zezo sugeriu uma série de outras trajetórias de investigação, englobando a sociologia dos músicos bem como noções de propriedade e circulação de bens musiciais. Nesta conjuntura toda, comceça-se a ver o significado que a música sertaneja tem para o seu público ouvinte.
No seu livro, Performance Rites, Simon Frith (1998) diz que para que se possa apreciar a música popular (ou qualquer música) é preciso saber ouvi-la e que este saber é adquirido no convívio social. Frith chega a esta conclusão ao notar que as pessoas passam muito tempo em discussões sobre música e que estas conversas são sobretudo avaliações críticas da música. E tem mais: o que se avalia nunca é exclusivamente a estética da música; ao formular suas avaliações estéticas, as pessoas exteriorizam seu posicionamento ético. Com os foliões, procurei aprender a ouvir a música sertaneja como eles a ouvem. Para eles, trata-se de uma música que articula seus mais profundos valores morais, enfatizando reciprocidade e obrigações familiares, solidariedade e fidelidade entre amigos e vizinhos, o valor do trabalho e a importância da fé religiosa.
Dos anos 80 para cá, houve muitas mudanças na música sertaneja, afetando tanto suas características musicais como seus conteúdos temáticos. O campo, portanto, continua aberto para novas pesquisas para que possamos apreender o que se ouve hoje neste repertório.
Referências do texto:
1 - Atualmente esta autora se chama Martha Tupinambá de Ulhôa.

2 - Na fala de ontem, Prof. Tatit comentou que hoje a música sertaneja, o pagode e o axé estão dominando a mídia, e que talvez valesse à pena paramos para refletir sobre como estes gêneros vieram a adquirir este domínio. Não posso comentar sobre o axé e o pagode, mas com relação à música sertaneja, a minha experiência sugere que, na verdade, o que existiu eram mundos invisíveis um ou outro. De acordo com José de Souza Martins, que fez uma pesquisa pioneira da musica sertaneja na década de 70***, em termos de unidades de discos vendidios, vendiam-se mais discos de música sertaneja do que de qualquer outro gênero no Brasil. Isto sugere que o que se torna necessário explicar não seja tanto como a música sertaneja, o pagode e o axé vieram a dominar a mídia, mas como esses gêneros permaneceram invisíveis por tanto tempo.

3 - Esta questão é também apontada por Waldenyr Caldas, porém Caldas procura demonstar que nem sempre as formas gramaticais das letras modernizadas seguim as normas padronizadas pelas instituições oficiais.

4- Para uma discussão mais elaborada das diversas fases da música sertaneja, ver Reily (1992).

5 - Praticamente todos os livros texto atuais sobre o estudo da música popular incluem pelo menos um capítulo sobre o estudo do público ouvinte. Ver, por exemplo, Nagus (1996), Shuker (1994), Wicke (1995 [1987]) e outros.


Bibliografia

Caldas, Waldenyr (1979) Acorde na aurora. São Paulo, Nacional.
Carvalho, Martha de Ulhôa (1993) "Musical style, migration and urbanization: some considerations on Brazilian música sertaneja (country music)." Studies in Latin American popular culture, 12:75–94.
Frith, Simon (1998) Performing rites.Oxford, Oxford University Press.
Martins, José de Souza (1975) "Música sertaneja: a dissimulação na linguagem dos humilhados. In Martins (org.), Capitalismo e tradicionalismo. São Paulo, Pioneira, pp. 103–61.
Nagus, Keith (1996) Popular music in theory: and introduction. Cambridge, Polity Press.
Nepomuceno, Rosa (1999) Música caipira – da roça ao rodeio. _____, Editora 34
Reily, Suzel Ana (1992) "Música sertaneja and migrant identity: the stylistic development of a Brazilian genre." Popular music, 11(3):337:58.
Shuker, Roy (1994) Understanding popular music. Londres, Routledge.
Stokes, Martin (org.) (1994) Ethnicity, identity and music: the musical construction of place. Oxford, Berg.
Tinhorão, José Ramos (1976) Música popular - os sons que vêm da rua. Rio de Janeiro, Tinhorão.
_____ (1986) Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo, Arte Editora.
Tosh, John (1984) The pursuit of history. Londres, Longman.
Wicke, Peter (1995 [1987]) Rock music: culture, aesthetics and sociology. Cambridge, Cambridge University Press.
[1]Atualmente esta autora se chama Martha Tupinambá de Ulhôa.
[2]Na fala de ontem, Prof. Tatit comentou que hoje a música sertaneja, o pagode e o axé estão dominando a mídia, e que talvez valesse à pena paramos para refletir sobre como estes gêneros vieram a adquirir este domínio. Não posso comentar sobre o axé e o pagode, mas com relação à música sertaneja, a minha experiência sugere que, na verdade, o que existiu eram mundos invisíveis um ou outro. De acordo com José de Souza Martins, que fez uma pesquisa pioneira da musica sertaneja na década de 70***, em termos de unidades de discos vendidios, vendiam-se mais discos de música sertaneja do que de qualquer outro gênero no Brasil. Isto sugere que o que se torna necessário explicar não seja tanto como a música sertaneja, o pagode e o axé vieram a dominar a mídia, mas como esses gêneros permaneceram invisíveis por tanto tempo.
[3]Esta questão é também apontada por Waldenyr Caldas, porém Caldas procura demonstar que nem sempre as formas gramaticais das letras modernizadas seguim as normas padronizadas pelas instituições oficiais.
[4]Para uma discussão mais elaborada das diversas fases da música sertaneja, ver Reily (1992).
[5]Praticamente todos os livros texto atuais sobre o estudo da música popular incluem pelo menos um capítulo sobre o estudo do público ouvinte. Ver, por exemplo, Nagus (1996), Shuker (1994), Wicke (1995 [1987]) e outros.
SUZEL ANA REILY
Doutora em Antropologia Social pela USP, Professora de Etnomusicologia na Queen's University Belfast desde 1990, Autora de 'Voices of the Magi: Enchanted Journeys in Southeast Brazil' (Chicago 2002), Organizadora de 'The Muscal Human: John Blacking's Ethnomusicology in the 21st Century' (Ashgate 2006) e Produtora dos sites 'Venda Girls' Initiation Schools' (www.qub.ac.uk/VendaGirls/index.html) e 'Semana Santa em Campanha (www.qub.ac.uk/sa-old/resources/HolyWeek/index.html).