domingo, 5 de outubro de 2008

DEMOCRACIA NO AMBIENTE VIRTUAL

Texto de Ivan Ferrer Maia

A tecnologia digital é um novo instrumental para ler e reescrever o mundo. Os ambientes virtuais são organizados e projetados para favorecerem a execução de trabalhos ou a construção de conhecimentos, por meio de relações grupais. Eles são as novas plataformas de EAD que enriquecem as atividades de aprendizagem.

Lévy (1993) nos mostrou que o conhecimento pode ser elucidado de três maneiras diferentes: a oral, a escrita e a digital. Sabemos que essas três maneiras coexistem. No entanto, o sistema digital vem avassalando de forma incrível, e traz com ele as outras duas maneiras.

Os sistemas digitais são um recurso poderoso para que os sujeitos coloquem em prática a sua cidadania, para se inserirem enquanto sujeitos democráticos. No entanto, não basta se contentar apenas com a democracia representativa. Seria necessário atuar na democracia direta, em tempo real. Conforme Lévy (2000, p.64), "o ideal da democracia não é a eleição de representantes, mas a maior participação do povo na vida da cidade". É preciso reinventar a democracia. O ciberespaço pode contribuir com isso, enquanto tecnologia molecular, que permite interações microscópicas, diretas. Pode-se com ela reivindicar direitos, opinar sobre decisões, reclamar sobre abusos e injustiças.

GESTÃO DEMOCRÁTICA:

Um ambiente virtual tem que ser desenhado para que a sua gestão seja democrática, já que o princípio maior é trabalhar cooperativamente para alcançar propostas em comum. Os ferramentais devem ser flexíveis para permitir participação livre e troca de fluxos informacionais. A gestão democrática considera, entre outros, os seguintes aspectos:

-distribuição ou descentralização das interações;
-elaboração participativa de conteúdos;
-livre interação entre os participantes;
-concepções pedagógicas que otimize o trabalho em equipe e a autonomia;
-acompanhamento humano, indo além da interação homem-máquina.

No ciberespaço os coletivos se fundem em rede. Mas não estamos falando aqui de uma rede solta, um vasto mundo digital perdido ao devir do destino. Estamos nos referindo a uma rede de aprendizagem, que favoreça os princípios democráticos e contribua para a inserção do sujeito ao mundo.

É por meio dos ambientes virtuais que a desordem no ciberespaço está sendo organizada, pois esses ambientes são plataformas de encontros entre sujeitos de etnias diversas, que almejam discutir, resolver problemas e aprender cooperativamente.

IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.