quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Emissor e receptor, estrategistas do texto


Texto de David Borges


As concepções de sujeito ativo sempre me agradaram, visto que a linguagem (como elemento imprescindível nas relações sociais) deve ser concebida como ferramenta socio-interacional. A simples menção em sujeito passivo não sana completamente os problemas atuais que temos (principalmente na escola) referentes à "competência textual". Já que a linguagem é concebida como ferramenta de interação, como poderia o sujeito ser passivo?

As relações entre sujeito (emissor) devem ser pré-estabelecidas com o destinatário da mensagem, numa relação na qual serão ativados uma série de fatores, tais quais: sócio-cognitivos, sócio-culturais, sócio-econômicos, realidade do meio em que vivem (emissor e destinatário da mensagem), enfim, bagagem cultural ou; reduzindo a um termo, conhecimento prévio.

Estabelecida essa "conexão" emissor / receptor, inicia-se a criação chamada de produção de sentido textual. Primeiramente por parte do produtor e, depois, pelo receptor. No entanto, para que essa produção de sentido seja eficaz, o produtor deve elaborar estratégias de composição textual de acordo com as suas intenções que façam sentido ao destinatário em questão. E este, por sua vez, quando de posse do texto, deverá encontrar as marcas e pistas deixadas pelo emissor (construção do sentido por parte do leitor e adequação ao contexto), tendo em mente que, por mais explícito que possa parecer, um texto sempre conterá alguns elementos implícitos que só poderão ser identificados por leitores competentes para tal ato (teoria da linguística sociointeracional).

Dessa maneira, o produtor e destinatário comungarão de um sentido global do texto e a interação entre ambos terá se processado satisfatoriamente; uma vez que a comunicação desse mesmo sentido global foi transmitida com clareza, concisão, coerência, coesão, etc. Nestes termos, a comunicação será um sucesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.

BENTES, A. C. Lingüística Textual. In: MUASSALIM, F.& BENTES, A. C. Introdução à Lingüística (1). Domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2000.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Estética da criação verbal. 4 Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.



David Borges é formado em Letras pela UEMG, professor e articulista deste blog.

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