terça-feira, 25 de março de 2008

Serventia da Arte

Texto de Mário Lemes

Procurou uma serventia
a Arte, desde quando apareceu
Contar história a quem via
ou só agradar você e eu.

Terra, fogo, céu e mar
Na imagem quizeram imortalizar
uma alma tão mortal
que deu à Arte a ilusão de funcional.

Alguns usavam figuras
quando palavras carecia.
Com o tecido e as nervuras,
a idéia e o pincel,
a Arte achou que servia
pra falar de "Papai do Céu".

Natureza é sempre morta
imitá-la já foi regra
Viva, a arte não se conforta
com a idéia que se prega

Cada indivíduo, assim precisava
se afirmar perante todo mundo,
então a Arte achou que estava
servindo pra levar ao fundo.

Passava muito tempo todo dia,
queriam usar a Arte pra dar choque
mas ela viu que não tinha essa energia,
produzida em série, foi pro estoque.

Muito maior que um prego
abriram um buraco na parede
Outrem tinha inflado o ego
e rabiscava no teto com sede.

Mudavam tudo querendo tornar
o mais vulgar, pitoresco
Não importavam em avaliar
se era óleo ou afresco.

E perdida a Arte ficou
buscando frenética uma utilidade
Talvez alguma conclusão tirou
nada sem muita futilidade

Buscar serventia,
querer ser amada,
faz parte.
Mas a pobre era Arte, coitada,
e a Arte não serve pra nada.


Mário Lemes é articulista de Moda do site:http://www.revistamirabolante.com.br/

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