sexta-feira, 14 de março de 2008

WEBDESIGNER NA BERLINDA: ENTRE O PASTICHE E A SIGNIFICAÇÃO


[ texto publicado no site publicado no sitehttp://www.viraweb.com.br de 15/12/2002 ]


A priori, podemos dizer que o meio de comunicação que mais cresce em quantidade é a web. Há sites de diversos assuntos e designs, variados tipos de navegabilidade e usabilidade, conteúdos mais exóticos, sites para nos informar, arrancar nosso dinheiro, nos entreter e de utilidade pública. Diante dessa variedade, questionamos como anda a qualidade do design nos sites atuais? Podemos dizer que no ciberespaço há mais pastiche do que sites criativos e originais. Muitas vezes, coloca-se gifs animados na intenção de estar requintando o site, elaborando um design inovador. Em outros momentos, insere-se fundos com texturas de pedra, madeira, água, entre vários temas oferecidos por algum software. Ainda vemos banners animados, com esferas douradas, imagens de clichês sobrepostas em ritmo acelerado, acompanhadas de musicalidade. É, estamos falando de sites de mau gosto. O que não falta nesse meio de informação são designs com pastiches e clichês. E - o pior - nada acrescentam ao ser humano e nem valorizam o produto do site.A tonelada de webdesigners que surge no mercado se confunde com webmasters em suas atividades. É conhecido por todos que este último é o responsável pela programação, enquanto o primeiro pelo design. Manipular alguns softwares gráficos e fazer piscar algum símbolo não o coloca na categoria de designer de sites. É necessário muito mais do que tecnicismo. Há concepções estruturais e construtivas que devem ser consideradas no planejamento e execução de um site. Aí que aparece o divisor de águas, entre designers qualificados e aqueles multiplicadores de pastiches. Quando falamos de design não nos referimos somente à cor ou à forma gráfica, mas aos elementos significantes, a contextualização, a descontextualização, a estrutura no sentido Piagetiano (entre as partes e o todo), o modo de construção do site. Ter somente o domínio tecnológico sem ter uma capacidade reflexiva dos conceitos envolvidos é como ter uma Ferrari sem saber usar o seu potencial.Podemos desconfiar de alguns cursos sobre webdesign cujo enfoque é somente a tecnologia, ignorando os indivíduos, que são os usuários dos sites. Aí é que entra a importância da interdisciplinaridade de áreas como a filosofia, a sociologia, a antropologia, a psicologia, a semiótica e outras nesse universo digital. Ter o conhecimento interdisciplinar é importante para o designer trabalhe com linguagens adequadas ao universo humanístico. Ele terá condições reais de construir elementos gráficos que interiorizem significados transformadores a seu público, construindo muito mais do que bolotas douradas giradoras: verdadeiros significados.



IVAN FERRER MAIA Mestre em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Professor titular da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital

Um comentário:

Arthurius Maximus disse...

É uma visão interessante. Uma bela exposição de idéias.