sexta-feira, 18 de abril de 2008

AMBIENTES VIRTUAIS COOPERATIVOS


[ texto publicado no site publicado no site http://www.viraweb.com.br de 1/11/2004]

Texto de Ivan Ferrer Maia


Apresento um panorama geral de conceitos relacionados ao Ambiente Virtual Cooperativo, que é um instrumento capaz de apoiar os processos de aprendizagem e trabalhos em grupo. A comunidade profissional, interessada nos Ambientes Virtuais, introduziu em 1984, no seminário organizado por Paul Cashman e Irene Greif, o conceito de Trabalho Cooperativo Suportado por Computador (Computer Supported Cooperative Work – CSCW). Aqui no Brasil, Borges (et al, 1995) define CSCW como um ambiente computacional que implementa os processos de apoio à cooperação, e assim, permite o trabalho, a produção em conjunto e a troca de informações. Conforme Barros (1994), o perfil promissor do CSCW leva-o também a ser utilizado como apoio à aprendizagem cooperativa. Por não ter sido construído com esse propósito, o CSCW sofre adaptações, agregando em sua estrutura novas ferramentas para auxiliar na tutoria e na aprendizagem, originando o Sistema de Aprendizado Cooperativo Apoiado por Computador (Computer Supported Cooperative Learning - CSCL).Para Benford (1997, s/n), o termo Ambiente Virtual Cooperativo é um "ponto de encontro no Ciberespaço", uma plataforma ou um suporte que permite interações para auxiliar tanto a aprendizagem quanto a produção cooperativa. Benford (1993, s/n) apresenta duas condições para que um sistema seja considerado Ambiente Virtual Cooperativo: a existência de acesso simultâneo a um sistema de Realidade Virtual e o suporte explícito das necessidades dos utilizadores que pretendam trabalhar em conjunto. Um aspecto importante nesse tipo de sistema é a existência de um espaço virtual que Trefftz (1996) define como um mundo não material, o qual possibilita relacionar à distância com múltiplos usuários, através de computadores ligados em rede. O mesmo autor afirma que a interação pode consistir desde a troca de idéias por escrito, até ao uso de espaços 3D com possibilidades de movimento e troca de voz. Numa definição mais ampla, também são incluídos sistemas do tipo MUD (Multi-User Dungeons) e IRC (Internet Relay Chat). Esses tipos de sistemas e as suas implicações sociais são discutidos em Rheingold (1993).No entanto, tais definições têm em comum a necessidade de cada usuário estar consciente dos outros usuários. De fato, Benford (1997) afirma que a essência do Ambiente Virtual Cooperativo é a representação explícita do usuário dentro do espaço partilhado.Para Rodden (1997), um Ambiente Virtual Cooperativo pode ser definido como um espaço partilhado existente dentro de um computador, habitado por usuários, que tem a sua representação no espaço e que se encontra já implementado por um conjunto de tecnologias (MUDs e MOOs para 2D e ambientes de Realidade Virtual distribuídos para 3D).Benford (1997) aponta três razões principais para o desenvolvimento de Ambiente Virtual Cooperativo. Primeiro, o suporte das naturais competências espaciais de um conduto de usuários oferece um modo mais natural para interação humana. Segundo, a escala inerente para lidar com a interação entre um grande número de usuários. Terceiro, adequação para tarefas espaciais que exijam cooperação, como mostrar as aplicações de Realidade Virtual existentes, autorizando o suporte a ser estendido para permitir cooperação. Agostini e Michelis (1997) ressaltam o caráter interdisciplinar do Ambiente Virtual Cooperativo e propõem requisitos gerais que esses sistemas devem possuir: serem sistemas abertos, possuírem continuidade multimídia, contextualização e integração da comunidade e da ação, além de interfaces personalizadas e seletivas para os espaços de trabalho.Também Wexelblat (1993) defende dois princípios para o Ambiente Virtual Cooperativo. A cooperação não pode ser tratada como uma atividade separada, o que significa que o suporte dado pelo computador deve enquadrar-se no padrão de trabalho do usuário. O segundo princípio indica que as aplicações devem possibilitar a cooperação entre pessoas pela ultrapassagem de obstáculos do tempo e do espaço. Uma das vantagens dos ambientes computacionais cooperativos, segundo Lévy (2000), é a disposição constante em trabalhar para toda a comunidade. Para ele os groupwares possibilitam que o debate seja dirigido para a construção progressiva de uma rede de argumentação e documentação, que está sempre presente aos olhos da comunidade, podendo ser manipulada a qualquer momento. Esses ambientes computacionais contêm recursos que favorecem a sua utilização como um sistema de Educação a Distância. Há diversos ambientes de EAD desenvolvidos em todo o mundo. Dentre eles, podemos destacar o WebCT (Goldberg et al, 1997), o AulaNetTM (Aulanet, 2000), o Lótus Learning Space (Lótus, 1998) e o TelEduc (TelEduc, 1996). Atualmente, diversos setores da sociedade - empresas, instituições de ensino, órgãos públicos - utilizam os ambientes virtuais presencialmente ou a distância, como plataforma para desenvolver trabalhos ou a aprendizagem cooperativa.

IVAN FERRER MAIA Doutorando em Multimeios / UNICAMP, Designer, Diretor Pedagógico da COOPERCAMP, Reitor e Professor da UEMG, docente das disciplinas de Metodologia Científica, Arte e Sociedade, História da Arte e Turismo Cultural. Especialista em Criatividade, Cultura Visual e Tecnologia Digital.

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